As atividades que geram fortalecimento muscular e com um bom componente aeróbico são as mais indicadas
As antigas brincadeiras de rua, que estimulavam o movimento das crianças, foram substituídas há alguns anos pela diversão virtual. Essa mudança de hábito é uma das causas do desenvolvimento e aumento da obesidade infantil em todo o mundo. Para reverter esse quadro, estimular a prática de atividade física é uma importante alternativa.
A cardiologista infantil e médica do exercício e do esporte do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Silvana Vertematti, ressalta que a identificação e a diversão durante uma atividade são fatores primordiais para a aderência da criança a um novo estilo de vida.
Porém, o processo não depende somente de um lado. Os pais e a escola devem participar dessa iniciativa, apresentando diferentes opções de exercícios. A médica explica que este trabalho é equivalente à introdução alimentar, o qual merece mais de uma tentativa, mas nunca forçando situações indesejadas.
A escolha do exercício não é uma questão simples quando se trata de crianças acima do peso. É preciso tomar alguns cuidados para que os benefícios da atividade física não sejam transformados em consequências graves, bloqueando essa nova fase da vida, como alerta Silvana Vertematti.
“Com a criança obesa, devemos tomar cuidado com a escolha do exercício. Além da possibilidade de não se identificar, atividades de grande impacto podem causar problemas musculares e nas articulações devido ao peso”, complementa.
As atividades que geram fortalecimento muscular e com um bom componente aeróbico são as mais indicadas. De acordo com a especialista, uma ótima opção é a natação, por conseguir unir diferentes benefícios. “Trata-se de um excelente exercício, porque exige força, gasto de energia e, por outro lado, não apresenta nenhum impacto pelo fato de ser realizada na água.”
Dados recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) mostram que aproximadamente 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas: 7,7%.
Silvana Vertematti pontua ainda que o excesso de peso na infância, a longo prazo, pode desencadear problemas cardiovasculares e doenças crônicas degenerativas, como a síndrome metabólica, diabetes, hipertensão e arteriosclerose. “Fazer atividade física ajuda a criança a crescer ativa, fortalece ossos e articulações e ajuda a controlar o peso”, salienta. No caso específico das crianças obesas, o acompanhamento nutricional aliado ao exercício físico é fundamental.