E os problemas não param por aí. A obesidade, o déficit de atenção, depressão, diminuição do rendimento escolar e distúrbios de linguagem também estão entre os problemas que mais afetam as crianças que permanecem muito tempo expostas ao mundo virtual. Quem faz o alerta e explica como lidar com tanta novidade, é a fonoaudióloga Ana Lúcia Duran, da clínica Zambotti e Duran da capital paulista.
“De zero a seis anos ( primeira infância) o desenvolvimento é promovido pela interação da criança com o meio social e através de mediação também se beneficiam com as novas tecnologias. Não dá para ignorar a presença dos tablets, smartphones, videogames etc, porém é essencial ter muita atenção e responsabilidade com o tempo de exposição já que é nesse período que o cérebro das crianças mais se desenvolve e as estimulações devem ser bem conduzidas”, sinaliza Ana Lúcia.
A fonoaudióloga recomenda que o contato com eletrônicos não aconteça antes dos 2 anos de idade e nunca nas duas horas que antecedem o sono e nem durante as refeições. “Essa é uma questão de saúde pública já que as crianças estão cada vez mais expostas às telas. Vivemos um momento crucial para o desenvolvimento de habilidades que serão importantes por toda a vida”, alerta.
Isso porque, até os 2 anos e meio, os bebês não conseguem transferir o que veem na tela para a realidade. Portanto, precisam ser ensinados sobre o que estão assistindo para que associem a experiências reais. E isso vale para todas as fases, mas, principalmente entre 1 e 2 anos de idade – fase em que o cérebro necessita noções de realidade do mundo à sua volta para que se estruture como o esperado. “É um período em que, por causa dos estímulos recebidos do ambiente externo, aumentam as sinapses, ou seja, as conexões entre os neurônios”, fala Ana Lúcia.
Esses incentivos reais tão importantes, que podem ser palavras, toques, brinquedos, músicas ou livros, servem para consolidar a construção dessas pontes cerebrais, que conectam novas áreas na mente em amadurecimento, como a formação da personalidade e o a aperfeiçoamento da linguagem.
“Para garantir que os dispositivos não isolem as crianças do mundo real, é imprescindível que nos primeiros anos de vida os pais tentem que os momentos em frente às telas sejam curtos e com conteúdo construtivo e educativo”, recomenda a especialista.
Mais perigos
Luz
A luz emitida pelo visor reduz a produção de melatonina, hormônio indutor do sono que sem ele se torna mais difícil adormecer e há maior risco de despertares na madrugada. “E já é sabido que sono de má qualidade interfere na concretização de memórias e do aprendizado do dia”, diz.
Jogos
Os jogos de competição e acumulo de pontuação, por exemplo, libera no cérebro muita dopamina, substância ligada ao prazer. “O grande problema nisso é que o processo não ocorre de forma tão intensa em outras ocasiões, como na escola, daí a criança pode achar os estudos entediantes”, finaliza Ana Lúcia Duran.
O exemplo vem dos mais velhos
Famílias que ficam só assistindo à TV ou cada um com seu celular enfraquecem seus vínculos. ”Uma saída para driblar os excessos é estabelecer períodos offline diários para toda a família”, aconselha Ana.
FONTE: Clínica Zambotti & Duran
Fonoaudiologia clínica