Avós que criam netos: eles estão à altura do “trabalho”?
Milhões de crianças estão sendo criadas apenas por seus avós nos EUA. E esses números continuam a subir à medida que diversos fatores afetam as famílias americanas. Uma nova pesquisa, apresentada, durante a Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria-2018 (AAP), mostra que os avós que se esforçam para criar seus netos estão superando desafios únicos para administrar a situação tão bem, quanto os pais, biológicos ou adotivos.
O estudo é o primeiro a examinar uma amostra nacionalmente representativa de crianças e comparar diretamente as famílias onde as crianças estão sendo criadas por seus avós e por seus pais.
Segundo os dados do estudo, um número grande e crescente de mães e pais não é capaz de cumprir as responsabilidades da maternidade/paternidade, levando seus próprios pais a assumirem o papel de cuidador principal dos netos. Embora essas crianças tenham maior probabilidade de ter sofrido uma ou mais experiências adversas na infância e, os próprios avós, muitas vezes, enfrentem obstáculos de saúde e socioeconômicos, as descobertas sugerem que eles estão se saindo bem nessa incumbência.
Os pesquisadores analisaram e compararam dados da Pesquisa Nacional de Saúde Infantil-2016, com 44.807 domicílios controlados por pais e 1.250 famílias controladas por avós. Eles determinaram que os avós que criam seus netos têm mais probabilidades de apresentar um maior número de problemas de saúde física e mental, ter renda familiar abaixo da linha da pobreza, ter níveis mais baixos de educação e ser solteiros. Além disso, os netos tinham maior probabilidade de ficar zangados / ansiosos com mudanças, perder a paciência e ter outros problemas comportamentais.
“Os achados não são uma surpresa, já que sabemos que as crianças em cuidados não parentais provavelmente passam por experiências mais adversas na infância e, como resultado, apresentam um risco maior de problemas comportamentais”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
No entanto, mesmo diante de um cenário adverso, os pesquisadores encontraram que os avós e os pais não apresentam diferenças significativas quando perguntados se a criança “faz coisas que realmente os incomodam”, se é “mais difícil de cuidar” do que os colegas, ou se “sentem raiva dessa criança”. De fato, avós e pais não diferiam muito na maioria das medidas de enfrentamento dos problemas e no estresse dos pais ou interações entre cuidador e criança quando estratificados pela saúde ou pela idade da criança.
O estudo também descobriu que uma proporção substancial de avós (31%) e de pais (24%) relatou que não tinham ninguém “a quem recorrer para o apoio emocional cotidiano no cuidado com as crianças”.
“Dado que as crianças que são criadas pelos avós podem apresentar maiores desafios comportamentais, e que quase um terço dos avós relatou que não tinha ninguém a quem recorrer para o apoio emocional diário, pediatras e outros profissionais de saúde devem estar atentos a essas questões e estar prontos para encaminhar as famílias ao aconselhamento psicológico, quando necessário”, observa Moises Chencinski.