Desde cedo, as crianças devem aprender a poupar para administrar seus recursos financeiros no futuro
Quais são os valores que você gostaria de passar para seus filhos? Os pais são os exemplos que os mais jovens seguem e por isso têm papel fundamental na educação financeira deles. Diante de um cenário de consumismo desenfreado, população endividada ou frustrada por não conseguir realizar seus sonhos, ensinar como lidar com dinheiro e anseios para crianças e jovens tornou-se um dos principais desafios dos pais.
É importante lembrar que as famílias têm papel fundamental no significado que os filhos atribuem ao dinheiro. A forma como se lida com seus recursos financeiros pode influenciar a maneira como a criança ou o jovem irá administrar seus bens no futuro. “Muitos pais, que não receberam orientação dessa natureza, encontram dificuldade de transmitir esse tipo de conhecimento. Mas agora estão ganhando aliados na tarefa de educar os filhos financeiramente”, explica Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
A partir dos sete anos, a criança já pode receber mesada, mas é necessário destacar como foi difícil para os pais ganharem aquele dinheiro, quanto tempo precisaram trabalhar para conquistá-lo. O valor deve variar com a idade e ao ser entregue precisa ser reforçado que é ela que fará suas escolhas e gastará da forma que achar melhor. Além disso, é necessário que eles sejam estimulados a determinar seus sonhos de curto, médio e longo prazo e entenderem que para realizá-los será necessário poupar. Desde cedo, a criança já percebe a importância do dinheiro para o consumo e está frequentemente exposta às mensagens publicitárias que o fazem com queiram comprar sem necessidade.
Outra forma de combater o consumismo em jovens é envolvê-los nas decisões familiares sobre os gastos realizados. “Temos de mostrar que é preciso ter objetivos, fazer escolhas e que nada é mágico, porém, tudo é possível, desde que o dinheiro seja usado com foco e sabedoria”. É importante que eles entendam que nem sempre é possível ter aquilo que ser quer na hora. Com isso os pais também vão evitar que o dinheiro seja visto como uma válvula de escape que suprirá as lacunas em outros aspectos da vida, como a ausência devido ao excesso de trabalho.
Uma situação que indica uma criança excessivamente consumista é quando ela gasta todo seu dinheiro da mesada e logo pede mais dinheiro para seus pais. Lembre-se que você é o exemplo para o seu filho. Se a criança vê os pais comprando sem parar, vão querer seguir essa conduta. Educar também é mostrar que a felicidade não está associada ao consumismo desenfreado e sim na atitude de atingir seus objetivos.
No caso dos jovens também é necessário orientar sobre as finanças pessoais. Nessa fase da vida, deseja-se “abraçar o mundo” e gastar excessivamente geralmente com o supérfluo. Aos vinte e poucos anos é importante pensar nas prioridades: é melhor comprar um carro ou poupar mais para investir em um apartamento, por exemplo. Ao se planejar, eles descobrirão que é possível realizar os sonhos, sem se esquecer de que nunca deve-se gastar mais do que ganha. Muitos já se endividam desde o primeiro salário, por falta de orientação sobre como lidar com dinheiro, cartões de crédito, cheque, entre outros.
Veja algumas dicas para ajudar seu filho a não ter dívidas:
– Estimule-o a fazer um diagnóstico de sua situação financeira
– É preciso que ele saiba a diferença entre desejo imediato e sonho verdadeiro
– Mostre a importância de ter uma reserva em situação de emergência
– Explique as vantagens de comprar à vista, evitar pagamento de juros do cheque especial, cartão de crédito e de financiamentos
– Reforce que é importante respeitar o dinheiro, poupando sempre que for possível
Samantha Quirino Cerquetani