Além da estética, uma rotina de cuidados com a higienização, desde escovação até o uso de fio dental, pode prevenir doenças. No entanto, esses cuidados devem começar desde cedo. Dados divulgados pela International Association of Paediatric Dentistry na Declaração de Bangkok, em 2018, mostram que a Cárie na Primeira Infância (cárie em crianças com menos de 6 anos de idade) afeta mais de 600 milhões de crianças no mundo, geralmente permanecendo não tratada.
Esses dados reforçam os perigos de uma má higienização que, em casos extremos, podem levar a instalação de infecções graves que necessitam de tratamentos cirúrgicos maiores e em âmbito hospitalar. “A falta de higiene bucal pode ser desencadeadora de mau hálito, doenças nos tecidos de suporte do dente, abcessos (evolução mais grave da doença cárie) e resultar em uma proliferação desenfreada de bactérias no organismo que provocam inchaço no rosto do paciente, febre, indisposição, dificuldade de alimentação e, em casos mais severos, dificuldade respiratória e infecções generalizadas que podem até mesmo levar ao óbito”, explica a mestre em odontopediatria pela UNESP, Renata Estrêla. “Em casos mais extremos são necessárias intervenções hospitalares de urgência para tratamento das infecções que acometem a face e o pescoço, além de longos períodos de internação que podem ocorrer inclusive em unidade de terapia intensiva (UTI). A criança que mantém um acompanhamento regular com odontopediatra, raramente irá desenvolver esse tipo de condição, uma vez que os possíveis focos de infecção serão tratados e a saúde bucal mantida a curto e longo prazo.”, pontua.
Na infância, o papel de escovação, conscientização e acompanhamento de tal higienização fica a cargo dos pais. “A higienização da boca da criança até, aproximadamente os 6 anos de idade, é de inteira responsabilidade dos pais. Após esse período, os pais passam a fazer a escovação supervisionada”,explica. A odontopediatra, Renata Estrêla, compartilha algumas indicações que auxiliam na melhor saúde bucal infantil.
RECOMENDAÇÕES
1. Limitar o consumo de açúcar em alimentos e bebidas e evitar açúcares livres para crianças com menos de 2 anos de idade. (Declaração de Bangkok da IAPD em novembro de 2018);
2. Escovar os dentes de todas as crianças pelo menos duas vezes por dia com pasta fluoretada (ao menos 1000 ppm) usando uma quantidade adequada de dentifrício. (Declaração de Bangkok da IAPD em novembro de 2018);
3. Utilizar uma escova adequada a cavidade bucal da criança; com cerdas macias a extra macias;
4. Fazer uso do fio dental após as refeições, principalmente antes de dormir;
5. Trocar a escova quando as cerdas começarem a abrir e não deixar passar de 3 meses;
Como escolher a escova certa?
Pode parecer simples, mas a escolha de uma escova de dente vai além de marca e cor, e o mesmo cuidado deve ser tomado na hora de escolher a de uma criança. Em meio à tantas marcas e modelos,muitas vezes com personagens de desenho infantil, é fácil se deixar levar pela estética. Para Renata, algumas regras devem ser levadas em consideração, como o tamanho das cerdas e sua maciez. “É uma regra básica, na verdade. O tamanho da cabeça da escova vai de acordo com o tamanho da boca do paciente. Boca grande pede uma escova grande, boca pequena precisa de uma escova pequena. Não é porque uma escova é maior que a limpeza vai ser de fato melhor, principalmente na boca de uma criança”, explica. A especialista ainda orienta que para as escovas infantis, as cerdas do modelo escolhido sejam do mesmo tamanho, macias ou extra-macias.
Sem medo do fio dental
Como boa parte da população já sabe (ou deveria), escovar os dentes após as refeições diárias não é o suficiente para manter a higiene bucal em dia. O fio dental é um item indispensável neste processo de limpeza completa, retirando os restos de alimentos que ficam presos nos espaços entre um dente e outro, evitando assim a ocorrência gengivite, doenças periodontais e doença cárie. Mas essa ferramenta na higienização bucal pode? Segundo Renata Estrêla, pode e deve! “Deveria ser lei: dois dentes juntos – fio dental obrigatório. Quando a criança é novinha e tem dentes separados, o fio dental é passado como forma de apresentar o instrumento da higienização a criança. Quanto mais tarde for a apresentação do instrumento, maior é a tendência da criança apresentar resistência no futuro”, alerta a odontopediatra.
Sobre Renata Estrêla – Cirurgião dentista – odontopediatra CRO 13139:
Formada pela Faculdade de Odontologia de Araraquara- UNESP, Renata atua no atendimento odontológico voltado à gestantes, bebês, crianças, adolescentes e pacientes com necessidades especiais. Habilitada em Sedação com Oxido Nitroso. Mestre em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP. Especialista em Odontopediatria pela EAP -GO. Professora Colaboradora da Equipe de Especialização em Odontopediatria pela EAP – GO.Membro da Associação Brasileira de Odontopediatria.