Com o aperfeiçoamento das técnicas de reprodução assistida, a tendência é diminuir as taxas de gravidez múltipla nos próximos anos
O número de mulheres grávidas de gêmeos ou trigêmeos aumentou muito nos últimos anos. Segundo um levantamento feito pela revista americana Time, a gravidez de múltiplos nos Estados Unidos aumentou em cerca de 70% nos últimos vinte anos.
Desejada por muitos casais, a gestação de gêmeos pode ocorrer com maior incidência em algumas famílias, mas não é comum. Hoje, sabe-se que a gravidez múltipla acontece muito mais em razão das técnicas de reprodução assistida.
Para o Dr. Dani Ejzenberg, médico ginecologista e especialista em reprodução humana, parceiro da Genics Medicina Reprodutiva, a gravidez múltipla pode ser um sonho para muitas mulheres, mas para alguns especialistas é motivo de preocupação. “A gestação de gêmeos ou trigêmeos aumenta o risco de prematuridade no parto. É comum implantar mais de um embrião na paciente quando se faz uso da reprodução assistida, pois com isso aumentam as chances de gravidez, mas também eleva o risco de se ter uma gestação múltipla. Quanto maior o número de embriões implantados, e no Brasil é permitido até quatro embriões dependendo da idade da mulher, mais prematuro tende a ser o parto. A prematuridade está fortemente relacionada com o peso dos bebês e a rápida distensão do útero da mãe. É esse crescimento acelerado do órgão que pode desencadear contrações e o trabalho de parto”, explica o profissional.
Para o profissional, a gravidez múltipla ocorre com mais frequência nos tratamentos de reprodução assistida porque, geralmente, são recrutados mais óvulos, como na inseminação intrauterina ou no coito programado, ou porque, muitas vezes, é transferido mais de um embrião por ciclo para aumentar as chances de gestação, no caso da fertilização in vitro.
Porém, segundo o Dr. Dani Ejzenberg, as melhoras nas técnicas de congelamento e descongelamento dos embriões e a própria redução no número de embriões transferidos, por exemplo, estão permitindo a diminuição do risco de gestações múltiplas. “O que se sabe é que quanto mais jovem for a paciente, mais chance ela tem de engravidar de múltiplos. Portanto, em mulheres com menos de 35 anos, não devemos transferir mais do que dois embriões para o útero. Em muitos países que custeiam o tratamento de reprodução assistida, é transferido apenas um embrião de cada vez, mesmo que demore mais tempo para se atingir a gestação”, explica.
As regras para a implantação de embriões no Brasil são determinadas pelo Conselho Federal de Medicina e variam de acordo com a idade da paciente. Para mulheres até 35 anos devem ser implantados até 2 embriões; dos 36 aos 39 anos, 3 embriões; e em mulheres acima de 40 anos podem ser transferidos até quatro embriões. A decisão médica de implantar mais de um embrião é tomada justamente com o objetivo de aumentar as chances de sucesso nos procedimentos.