*Por Dra. Lorena Lima Amato
O diabetes gestacional é aquele que ocorre ou é identificado pela primeira vez durante a gravidez, podendo surgir em qualquer mulher e em geral não há sintomas. A frequência desse problema tem aumentando, estando presente em 4% a 14% de todas as gestações.
Durante a gestação ocorre resistência à ação da insulina devido a presença de níveis elevados de alguns hormônios produzidos pela placenta como o cortisol, a prolactina, o lactogênio placentário humano e o hormônio do crescimento placentário humano, e isso leva a descompensação do controle da glicemia em pessoas predispostas levando ao diabetes gestacional.
Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.
Algumas mulheres têm maior risco de desenvolver a doença e devem estar mais atentas. São considerados fatores de risco para o diabetes gestacional:idade materna mais avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade, síndrome dos ovários policísticos, história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, história familiar de diabetes em parentes de 1º grau, história de diabetes gestacional na mãe da gestante, hipertensão arterial sistêmica na gestação e gestação múltipla (gravidez de gêmeos).
Como na grande maioria das vezes essa situação é assintomática, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana (início do 6º mês) de gravidez, como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância a glicose. Esse exame poderá detectar a presença de diabetes gestacional e assim o tratamento pode ser implementado.
O controle do diabetes gestacional é feito na maioria das vezes através de uma orientação nutricional adequada. A prática de atividade física é uma medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos e só deve ser evitada se houver alguma contraindicação, como por exemplo, risco de trabalho de parto prematuro.
Aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado com dieta e atividade física tem indicação de associar uso de insulina, que é bastante seguro durante a gestação.
Após o parto, o aleitamento materno deve ser estimulado, pois pode reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes permanente depois do nascimento do bebê.Pacientes com diabetes gestacional têm 50% de chance de desenvolver diabetes melito tipo 2 nos próximos 5 a 10 anos e risco em longo prazo de aproximadamente 70%. A prevenção é feita com a manutenção de uma alimentação balanceada e com a prática regular de atividades físicas.
*Lorena Lima Amato é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)