Especialista reforça a importância de acompanhamento multidisciplinar durante a gestação.
As condições de saúde de uma adolescente ao engravidar associada à baixa idade ginecológica podem dificultam o desenvolvimento do feto. Segundo dados do Programa Parto Seguro, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, e presente em oito maternidades de São Paulo, cerca de 15% dos partos realizados, de janeiro a setembro de 2020, são de mães com menos de 19 anos.
Em adolescentes menores de 16 anos, o risco de insuficiência útero-placentária aumenta, impactando diretamente na nutrição do bebê. “É por isso, é essencial o acompanhamento adequado no pré-natal com dieta balanceada e prevenção das possíveis intercorrências na gestação como, por exemplo, o tratamento de infecções as quais as jovens mães estão propensas”, explica Ana Maria da Cruz, médica supervisora do Parto Seguro.
Além das questões biológicas, existem aspectos sociais importantes que devem ser observados durante a gravidez na adolescência, como a aceitação da família, abandono escolar e os aspectos emocionais da mãe. “A gravidez na adolescência é um fenômeno biopsicossocial. Existe a questão do organismo estar mais propenso a doenças como infecção urinária e anemia. Além disso, há o aspecto emocional da adolescente e crises da própria faixa etária associada à gravidez. Portanto, é fundamental um acompanhamento multidisciplinar durante o pré-natal, cuidando da jovem em toda a sua complexidade”, contextualiza a especialista.
Para a prevenção do parto prematuro, é necessário fazer o acompanhamento pré-natal adequado, para a constatação de qualquer anormalidade durante a gestação, o mais precoce possível. “A condição de saúde da gestante adolescente é um sinal importante para o profissional detectar do risco de prematuridade e tratá-la rapidamente para evitar o parto prematuro”, salienta a médica.
Nos hospitais que possuem o Parto Seguro, as mães adolescentes são acolhidas pela equipe, que oferece todo o suporte de enfermagem e cuidados para detectar os riscos da jovem durante o trabalho de parto e reduzir qualquer intercorrência. “Durante o pré-natal e o parto é essencial que a jovem tenha acompanhamento de seu parceiro ou familiares, para ganhar confiança e todos receberem a correta orientação sobre os cuidados no pré-parto, durante e pós- parto”, conclui. No momento da alta, o Programa Mãe Paulistana realiza o agendamento das consultas de acompanhamento na Unidades Básica de Saúde para mãe e o bebê.