A constatação de problemas de fertilidade só é feita pelo especialista em reprodução humana. Exames auxiliam a revelar as causas e a traçar diagnósticos precisos
Muitos casais se deparam com um fato inesperado quando decidem ter um filho: a infertilidade permanente ou temporária. Normalmente, a mulher que não faz uso de métodos contraceptivos pode levar até 12 meses para engravidar. “Em princípio, mulheres que utilizam anticoncepcionais orais, podem engravidar assim que o uso das pílulas for interrompido. Já os anticoncepcionais injetáveis de aplicação mensal ou trimestral podem ter um efeito cumulativo no organismo”, explica o médico Joji Ueno, diretor da Clínica Gera.
Se a gravidez não vier naturalmente, em um ano, o casal deve procurar ajuda médica. Ou mesmo antes, se houver suspeita de alguma causa de infertilidade, como por exemplo, cirurgia abdominais anteriores. Antes de desistir do sonho de ter um bebê, o casal deve saber que infertilidade não significa incapacidade permanente de concepção. Por isso é preciso procurar auxílio profissional para investigar as causas que dificultam a gravidez e partir para o tratamento mais adequado e, se necessário, para a fertilização in vitro.
A constatação de problemas de fertilidade só é feita com acompanhamento médico e exames que podem revelar as causas e traçar diagnósticos precisos para cada disfunção. “A infertilidade, masculina ou feminina, pode ser revertida em muitos casos. Com tratamento adequado, as chances de gravidez chegam a 30%, mesma taxa de um casal que não apresenta problemas”, afirma o especialista em reprodução humana.
Causas da infertilidade feminina
Problemas ovulatórios, obstruções na trompa, doenças uterinas, infecções no colo do útero e fatores imunológicos estão entre as principais causas de infertilidade feminina. “Muitas mulheres apresentam dificuldades para ovular causadas pela Síndrome dos Ovários Policísticos ou por disfunções na tiróide ou nas glândulas supra-renais”, diz Joji Ueno, que também é Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP.
As obstruções nas trompas podem ser causadas pela endometriose ou algum tipo de aderência que dificulte a mobilidade, ou seja, o transporte do óvulo até o útero que é realizado pela trompa. Em alguns casos, os problemas estão localizados no útero, causados por miomas e pólipos. “As infecções do colo do útero também impedem a gravidez porque deixam o muco vaginal hostil, não permitindo a sobrevivência e a passagem do espermatozóide”, afirma o médico.
Há casos também em que a mulher não engravida porque seu sistema imunológico entende o espermatozóide como um intruso e o rejeita. Somados aos fatores biológicos, segundo o médico, estão também o uso de drogas, álcool, remédios sem prescrição e hábitos de vida sedentários que podem causar infertilidade também.
Exames auxiliam o diagnóstico
O médico especialista em reprodução humana, após ouvir o problema do casal, pode investigar várias das hipóteses citadas anteriormente antes de atestar a infertilidade do casal ou de definir um tratamento. “Contamos, hoje, com uma série de exames que apontam onde está a dificuldade feminina para a fecundação”, diz Joji Ueno.
O primeiro exame, a histerosalpingografia, revelará a mobilidade e permeabilidade da trompa, atestando se ela permite ou não a entrada do espermatozóide para a fecundação do óvulo. Se nenhuma anormalidade for identificada, os exames seguintes monitorarão a ovulação, as dosagens hormonais e o controle do ciclo menstrual. “Aqui, o médico necessita do ultra-som, que averigüa o crescimento dos folículos do útero e o funcionamento das glândulas”, explica o médico.
O diagnóstico completo pode ocorrer com a laparoscopia ginecológica. “Este exame só é feito quando os anteriores não esclarecem a causa da infertilidade feminina e o espermograma do parceiro não apresenta problemas”, esclarece Joji Ueno.
A laparoscopia é muito empregada no diagnóstico de doenças existentes no interior do abdômen como a endometriose, miomas, cistos de ovário, dor pélvica aguda ou crônica, aderências genitais e também no diagnóstico de infertilidade. Por se tratar de um exame minimamente invasivo, a videolaparoscopia é considerada praticamente um procedimento ambulatorial, em termos de recuperação. Nos casos onde há a necessidade de realizar procedimentos cirúrgicos empregando esta técnica, a internação da paciente é necessária. “Após uma avaliação médica completa, que inclui exame ginecológico e uma avaliação pré-anestésica, o exame é realizado sob anestesia geral”, explica o médico.
Quando a paciente está anestesiada, uma pequena incisão é feita no interior da cicatriz umbilical. Uma agulha é colocada e através dela é feita a insuflação do abdômen com gás carbônico. O gás empurrará as alças intestinais para cima, longe dos órgãos genitais, permitindo a inserção de uma ótica acoplada a uma micro-câmera com o monitor. “Esta micro-câmera aumenta a visão do médico em até 20 vezes, para que ele avalie com precisão as trompas, os ovários e o útero”, afirma Joji Ueno.
Quando o procedimento estiver terminado, apenas um ou dois pontos serão dados na incisão do umbigo e suprapúbica, colocando-se apenas uma espécie de band-aid como curativo. “Se durante o exame, alguma anormalidade for percebida pelo médico, ela poderá ser corrigida e a laparoscopia diagnóstica se torna cirúrgica”, conclui.