INFERTILIDADE MASCULINA – VARICOCELE É UMA DAS CAUSAS MAIS COMUNS
De acordo com dr. Sidney Glina, a investigação do homem, por um urologista, é tão necessária quanto à da mulher, por um ginecologista.
Há até pouco tempo, a infertilidade conjugal era tratada e vista como um problema exclusivamente relacionado às mulheres, tendo os homens pouco ou nenhum envolvimento com a situação. Segundo Sidney Glina, urologista, especialista em reprodução humana e um dos diretores do Projeto Beta – Medicina Reprodutiva com Responsabilidade Social – atualmente, o papel do homem no casal infértil é tão importante como o da mulher, sendo o homem portador de uma alteração que leva à infertilidade em até metade dos casais que procuram tratamento. “Dessa forma, a investigação do homem, por um médico urologista, é tão necessária quanto à da mulher e deve ser realizada ao mesmo tempo”, afirma.
De acordo com o especialista, a varicocele – dilatação do conjunto de veias que drenam o sangue utilizado pelos testículos – é uma das causas mais comuns da infertilidade masculina, ocorrendo em até 40% dos homens avaliados, nos centros que tratam infertilidade conjugal. “Essa dilatação é causada por uma inversão no sentido do sangue nestas veias, ou seja, o sangue ao invés de subir pelas veias, desce de volta ao testículo. Esse acúmulo de sangue usado (venoso) no testículo pode causar alterações na produção e na qualidade dos espermatozóides, que causam diminuição na qualidade e na capacidade de fertilização do óvulo”, relata.
O médico explica que as alterações na qualidade dos espermatozóides são detectadas inicialmente no espermograma (análise seminal), através da constatação de mudanças na forma dos espermatozóides, diminuição da quantidade, e/ou da movimentação. “O diagnóstico da varicocele é realizado no exame físico na inspeção e palpação do cordão inguinal, uma vez que estas veias podem ser visíveis ou palpáveis na bolsa testicular”, relata.
O tratamento da varicocele é cirúrgico quando é realizada a ligadura das veias dilatadas, interrompendo o refluxo de sangue usado aos testículos. “Nessa cirurgia, é utilizado microscópio para a correta identificação das veias, artérias e linfáticos com o objetivo de ligar somente as veias”, afirma Glina.
O controle é feito após três, seis e até nove meses depois da cirurgia, respeitando o tempo de produção de “safras” novas de espermatozóides, após a correção da varicocele. “O tratamento, em média, vai causar melhora do sêmen em até 60% dos pacientes e gravidez em até 40% dos casais”, conclui.
Outras causas da infertilidade masculina, segundo o especialista
Congênitas – Alguns problemas de nascença (malformações congênitas) podem causar infertilidade. Um exemplo importante é a criptorquidia (posicionamento dos testículos fora do escroto) que, apesar da correção, pode levar à infertilidade. Existem outros problemas como as hipospádias (mal posicionamento da uretra), que impossibilita a correta deposição do sêmen, no fundo da vagina, impossibilitando a gravidez.
Genéticas – As causas genéticas são importantes em pacientes que não têm espermatozóides no ejaculado (azoospermia) ou que apresentam uma concentração inferior a cinco milhões de espermatozóides por mililitro de sêmen (oligozoospermia severa). Outra causa importante é a agenesia congênita bilateral dos vasos deferentes que é determinada pela existência de uma mutação no gene causador da fibrose cística pulmonar e se manifesta clinicamente como azoospermia.
Hormonais – Alterações no comando hormonal da produção de espermatozóides levam à infertilidade. Essas alterações podem estar nos locais de produção dos hormônios (hipófise ou testículos) ou nos locais de ação destes hormônios (tecidos periféricos).
Diopáticas – São chamadas de idiopáticas todas as causas que são desconhecidas, até o presente momento. É importante ressaltar que nenhum tratamento clínico empírico é justificável devido à ausência de benefícios e, principalmente, à possibilidade de piora do quadro dependendo da medicação utilizada.