Casais em tratamento de fertilização devem receber apoio psicológico
Especialista diz que período favorece o autoconhecimento e testa muitos relacionamentos.
A infertilidade afeta entre 10% e 15% dos casais, sendo que 40% do problema está relacionado à mulher, 40% ao homem e 20% a problemas em comum ou desconhecidos. Dos casais que buscam ajuda em clínicas especializadas em fertilização in vitro, entre 60% e 70% alcança seu objetivo logo no primeiro ano de tratamento e cerca de 20% no segundo. Com a nova formação das famílias, a quantidade de casais que passam por dificuldades para ter um filho tende a aumentar, o que também traz à tona a necessidade de esses parceiros receberem apoio psicológico durante o tratamento.
“Antigamente, as mulheres se casavam muito cedo e eram mães ainda bem jovens. Com o reposicionamento da mulher no mercado de trabalho, é normal que ela queira se dedicar primeiramente à carreira para depois se sentir capaz de oferecer boas condições de vida aos filhos. Além disso, hoje uma mulher entre 30 e 40 anos é considerada socialmente jovem – o que não acontecia na época de nossas mães e avós. Já com o homem, o fenômeno do segundo casamento – que vem aumentando a passos largos – faz com que ele queira constituir uma nova família, com filhos, mesmo depois dos 40, 50 ou até 60 anos. Toda essa conjuntura afeta a fertilidade dos casais e, não raro, o lado emocional”, diz Silvana Chedid, médica especialista em Reprodução Assistida e diretora da clínica Chedid Grieco Medicina Reprodutiva.
A especialista, que pesquisa e atua há mais de vinte anos com reprodução humana, diz que durante o período de tratamento, é importante que o casal submetido à fertilização in vitro conte também com acompanhamento psicológico. “O primeiro sintoma emocional de que algo não está bem resolvido é quando o casal busca saber ‘dquem é a culpa’. Ora, ninguém programa uma ocorrência dessas, bem como quaisquer outras doenças congênitas ou adquiridas ao longo dos anos”.
Segundo a doutora Silvana, é muito importante manter o equilíbrio emocional para o sucesso do tratamento. “Não adianta a mulher se culpar por ter deixado a maternidade em segundo plano durante alguns anos ou mesmo o homem se culpar pelas condições físicas ou qualquer outra coisa. O casal deve estar focado no tratamento e tentar manter o máximo equilíbrio emocional para enfrentar esse período de forma unida e feliz. Os resultados compensam”.
Além do acompanhamento profissional feito por psicólogos, as clínicas de reprodução assistida também oferecem tratamentos complementares, como a acupuntura. “A acupuntura libera endorfina no sistema nervoso central, diminuindo o estresse emocional e a ansiedade, e agindo beneficamente sobre os hormônios femininos”, diz a médica.