Não existe nenhum alimento que seja capaz de substituir o leite materno, portanto, esqueça o leite de vaca, o leite em pó, fórmulas infantis ou aquela receita milagrosa
A mulher, desde o início da humanidade, sempre soube nutrir sua cria. Os conhecimentos eram passados pelas mulheres mais experientes para as novas gerações e assim foi, durante muitos e muitos séculos. Porém, a história da amamentação foi modificada recentemente. É uma tendência da mulher moderna querer se cercar de apetrechos que facilitem sua vida. E foi assim que o peito foi trocado pela mamadeira e o leite materno pelo leite em pó. O mais interessante nessa relação é que mamadeira e leite em pó só trazem mais trabalho (mais uma coisa para preparar, mais uma coisa para lavar, esterilizar, secar, etc), enquanto que o leite materno está sempre pronto.
Ao mesmo tempo o leite de vaca foi sendo propagandeado com substituto do leite materno mas hoje é recomendado que bebês com menos de 1 ano não consumam o leite de vaca, nem mesmo em pó. Mas isso quase não é falado, pelo contrário, pouco se fala sobre o assunto e quando se diz que o leite de vaca não deve ser consumido por bebês com menos de 1 ano, quase sempre vem uma frase de complemento “ao invés do leite de vaca ou leite em pó deve-se usar fórmulas infantis”, ou seja, não se fala que “ao invés do leite de vaca deve-se dar o leite materno aos bebês” pois isso não trará ganho algum às indústrias que fabricam essas fórmulas infantis.
Hoje há a certeza de que o leite materno é o único alimento necessário para os bebês até os 6 meses de idade. As primeiras mamadas funcionam como uma vacina que a mãe dá ao bebê e assim o protege de inúmeras possíveis doenças que podem acometê-lo logo após o nascimento e para a vida toda. O leite materno é tão rico em nutrientes que é capaz de alimentar o bebê durante os seis primeiros meses de vida sem que a mãe precise completar com qualquer que seja o tipo de alimento, ou seja, se o bebê é alimentado com leite materno a mãe não precisa dar água, chá, sucos, frutas, doces, pães, ou qualquer outra coisa. Além disso, é difícil de acreditar que os benefícios que o contato da boca e do corpo do bebê com o corpo da mãe seja inferior ao contato da boca do bebê com um bico de plástico ou silicone.
Infelizmente vivemos em uma sociedade onde a maioria só se sente feliz se compra alguma coisa e preferencialmente mostra aos outros que agora possui um produto X da marca Y. Então, fabricantes se aproveitam desse comportamento humano em nossa sociedade atual e apresentam utensílios inadequados como se fossem superiores ao natural. Pregam que mamadeiras e fórmulas infantis trazem inúmeros benefícios: que o bico anatômico da mamadeira é capaz de trazer benefício à arcada dentária do bebê, que o bico possui anti-vazamento, que é fácil de lavar e recentemente que “não possuem Bisfenol A” ou em inglês que é mais “cool“, “Bisfenol Free” ou “BPA Free”, ou seja, primeiro colocam algo que pode ser cancerígena na mamadeira e depois retiram dizendo que agora o produto é incrível e seguro porque não possui esse componente cancerígena que eles mesmos haviam colocado. Mas é distorcendo a informação que a industria anti-amamentação desorienta as mães e conseguem aquilo que desejam.
Uma outra tendência anti-amamentação que vem ganhando força silenciosamente é tornar o ato de amamentar em público algo imoral, indecente, sensual, provocativo ou desnecessário. Não se trata disso abertamente, mas os olhares de reprovação vem aumentando e alguns estabelecimentos comerciais e até de cunho social têm promovido algumas ações de repressão à amamentação em público, mas felizmente algumas ações têm sido tomadas e recentemente a prefeitura de São Paulo criou uma lei para multar estabelecimentos que tentarem impedir que mães amamentem em público.
Mas nem tudo está perdido! Existe uma força capaz de enfrentar de frente todos esses movimentos e obstáculos e garantir que o bebê receba leite materno exclusivo durante os primeiro seis meses de vida e essa força é você mamãe. Não se deixe enganar, o seu leite é o melhor alimento para seu bebê, o seu seio é o melhor recipiente para o oferecer o leite ao seu bebê. Não deixe que as pessoas lhe atormentem com falsas informações cuja intenção é tão e somente lhe transformar em uma compradora de mamadeiras e leites em pó. Não deixe que medos lhe impeçam de tentar amamentar. Sim é capaz que você sinta um pouco de dor no início da amamentação, mas por causa de uma suposta dor você deixará de oferecer o que há de melhor para seu bebê? Então, seguindo o mesmo raciocínio você seria capaz de não vacinar seu bebê só porque ele sentirá dor e irá chorar compulsivamente? Não, você não fará isso, você irá com ele até o posto de vacinação e com uma dor no coração irá ouvir o choro de dor dele mas saberá que é para o bem dele. Então, faça o mesmo, se sentir dor no início da amamentação, respire fundo, suporte e ela logo passará e você será recompensada com o prazer que a amentação irá lhe proporcionar.
Cuidado também com falsas informações sobre uma possível pouco produção de leite ou leite fraco. Isso não existe. O que existe é uma bombardeio de frases de efeito que vão deixando a mamãe assustada e com medo de se manter firme no aleitamento materno. Essas frases virão de todos os lados e de pessoas muito próximas, até mesmo a vovó do bebê poderá ser uma sabotadora do aleitamento materno, não é culpa dela ter sido desorientada no passado, ela apenas está lhe repassando os conhecimentos dela que nesse caso é um desconhecimento. O importante nesses momentos é manter consultas regulares ao pediatra e observar se o crescimento e o ganho de peso está dentro do normal, além do desenvolvimento neuropsicomotor. Outro ponto surpreendentemente importante é tomar cuidado com alguns pediatra, pois infelizmente alguns deles, ao invés de estimularem e encorajarem o aleitamento materno, “se deixam levar” e são os primeiros a oferecerem à mãe um “reforço” na alimentação do bebê mesmo que tudo esteja bem com o seu bebê, contrariando a Sociedade Brasileira de Pediatria Não aceite. Questione. Na dúvida, procure outro pediatra. Existe também um tipo de profissional que não irá sugerir o complemento, mas irá dizer aquilo que algumas mães querem ouvir só para não ter que perder tempo explicando que algo não é necessário como por exemplo, se você perguntar “tô achando meu bebê magrinho, não seria bom dar um suplemento para ele?”, provavelmente a resposta desse tipo de profissional será: “pode sim, vou anotar o nome de um produto bom pra fazer ele ganhar um pouco mais de peso.”, mesmo que ele saiba que não é necessário, mas para não ter que ficar “perdendo tempo argumentando”, preferem prescrever a suplementação lhe dar um tapinha nas costas e pedir à recepcionista que chame a próxima mãe. Mas é claro que existem os bons profissionais comprometidos com a saúde do bebê que não “se deixam levar” e que não se importam de dizer aquilo que as mães não querem ouvir. Procure por esses pediatras.
A amamentação é algo simples e natural que não deveria merecer nenhum tipo de campanha de incentivo pois ela faz parte daquilo que somos na essência: mamíferos. Não deveria haver questionamento, vergonha ou constrangimento em relação à amamentação. A desamamentação é uma invenção do homem que teima em querer substituir o natural pelo artificial sob a alegação de trazer mais “benefícios” e o poder da propaganda massiva e constante nos levam a crer que realmente precisamos dessas invenções.
Tudo isso parece radical? Não, não é radical é natural. Existem casos em que mães não podem realmente amamentar, sim, existem, mas são casos extremos como doenças transmissíveis ou alguns procedimentos cirúrgicos que tiraram a possibilidade da mulher amamentar. Mas para o bem de todos ainda há uma alternativa, os Bancos de Leite Humano. Sim, senhoras e senhores, é possível alimentar um bebê com leite materno de outras mães sem precisar recorrer ao leite de vaca, leite em pó ou fórmula infantil. E pasmem: esse leite dos Bancos de Leite Humano são doados, ou seja, de graça, você não precisa pagar por ele.
A amamentação surgiu em um processo evolutivo, é portanto, uma evolução. Mas parece que alguns de nós não concordam com isso. Ou seria apenas uma tentativa do ser-humano não se enxergar como um animal vertebrado da classe dos mamíferos, cuja principal característica que os diferencia de outras espécies é a presença de glândulas mamárias, responsáveis nas fêmeas da espécie pela produção de leite com o único objetivo de alimentar os filhotes da espécie?