Existem citações que buscam algo que possa documentar uma previsão futura. Fazem alusão à continuidade, à repetição. Mas será que os filhos devem ser semelhantes aos pais ou seguirem um ideal paterno?
Estas inferências que por vezes podem deixar os recém papais assustados, denotam exatamente o quanto mascaramos a realidade dos fatos e idealizamos um formato que se assemelhe ao que gostaríamos que nossos filhos fossem. Quem dera um Certificado de Garantia, com satisfação garantida, que nos comprovasse um ideal, veiculado no projeto de ter um filho.
Nossos filhos não merecem que os coloquemos neste lugar, fruto de nossas idealizações. Corremos um risco constante de uma atrofia permanente, em contraponto com a soltura para desbravamento de suas próprias necessidades, pois o seu querer será vítima dos desejos idealizados pelos pais.
Atrofiar um filho significa não propiciá-lo o assinar seu próprio texto no curso da vida.
Então, certificar-se do quê? Que certeza temos de nossos próprios atos já que também são frutos de nossas manifestações inconscientes e que, portanto, “somos” ao sabor do que não pensamos ser. E não há lugar para troca. O produto é este e é o que nos cabe. O que devemos cuidar é de tratá-lo ou reconhecê-lo como sendo aquilo que de melhor pôde ser aproveitado de nossos próprios pais. É interessante, então, nos certificarmos sim, do quanto estamos tentando passar aos nossos filhos as informações passíveis de serem aproveitadas por eles próprios. E não há garantias de um possível sucesso nesta empreitada que cabe aos filhos realizarem. Antes mesmo, não está em questão o sucesso ou insucesso, o certo ou errado, o bonito ou feio. O que importa é a tarefa de abastecer a alma, é o ato de busca, avesso da atrofia.
A busca por perpetuar a continuidade das aspirações alucinatórias dos pais, resvala para um certo não aprimoramento das melhores condições de vida dos filhos.
As respostas dadas pelos filhos podem corresponder a idealizações de pais que preencheram ou não os seus propósitos.