Recentemente o jogador David Luiz, do Flamengo, passou mal durante a partida e foi diagnosticado com Hepatite Viral.
A doença provoca infecção no fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Segundo o Ministério da Saúde, na maioria das vezes, as hepatites virais são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Afinal, o que é, como é transmitida, qual o diagnóstico? Estas e outras questões são avaliadas pela médica Maria Raris, clínica geral. Para iniciar, a informação sobre a transmissão tem como premissa saber qual é o tipo de vírus – e por isso há variações. Segundo Maria Raris, a Hepatite A tem transmissão fecal-oral, estando relacionada à ingestão de alimentos e água contaminada. Na Hepatite B, a transmissão é vertical, ou seja, de mãe para filho, durante a gestação ou no parto, e ainda em acidentes biológicos, como contato com objeto perfuro-cortante contaminado, ou via ato sexual. Já a Hepatite C se dá por hemodiálise, transfusão sanguínea, contato com instrumentos não esterilizados como em procedimentos invasivos, tatuagens, e nas relações sexuais, porém é menos comum, e transmissão vertical. A hepatite D merece e tem um status maior: se dá por co-infecção pela Hepatite B, ou por super infecção do vírus D, que acomete aqueles indivíduos com infecção crônica do vírus B – as formas de transmissão são as mesmas da B. Finalizando, sobre a de tipo E, a transmissão se dá via fecal oral , transfusão sanguínea e transmissão vertical.
Raris alerta sobre os sintomas: cansaço, icterícia (pele amarelada), urina cor de Coca-Cola , fezes claras , febre baixa, mal-estar e dores musculares. “O diagnóstico é feito com avaliação da função hepática através do exame de sangue para detecção dos anticorpos contra o vírus, ou de algumas partes do corpo do vírus, denominado sorologia para hepatite. Importante ressaltar que existem vacinas para hepatite A e B”, diz.
A médica chama atenção sobre os problemas que a hepatite pode causar. Algumas hepatites podem se tornar crônicas, como as B, C e D, levando à cirrose hepática ou até mesmo a um hepatocarcinoma (câncer primário do fígado, ou seja, o câncer derivado das principais células do fígado – os hepatócitos. Como os demais cânceres, surge quando há uma mutação nos genes de uma célula que a faz se multiplicar desordenadamente). Caso o paciente não procure atendimento e faça o tratamento adequado, pode ocorrer cronificação, levando à cirrose e/ou hepatocarcinoma, e até a morte.
Mas como seria a prevenção? A médica dá o toque: não comer ou ingerir água de lugares de higiene precária, ou onde a doença é sabidamente endémica, usar preservativos na relação sexual, uso de EPI (Equipamento e Proteção Individual) em ambientes hospitalares, checar a origem e higiene dos objetos usados em procedimentos invasivos, e manter acompanhamento durante a gestação. “Dificilmente o paciente não notará a forma aguda da doença devido ao quadro clínico tão rico de sinais e sintomas. A hepatite viral é mais comum do que pensamos, principalmente a hepatite A, devido à forma de transmissão”, ressalta
Fonte: A médica carioca Maria Raris, há 16 anos, trabalha na área de clínica geral. Graduada em medicina pela Universidade Gama Filho, com especialização em clínica médica pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, e mestrado em ciência forense pela National University, Califórnia, o foco principal do trabalho dela é a prevenção.