É necessário permitir que a criança tenha tempo e espaço para brincar livremente
Os humanos brincam desde os primórdios. Por meio dos jogos e brincadeiras simulamos e exercitamos situações do dia a dia, aprendemos a enfrentar medos, desafios e a lidar com conquistas, derrotas, fracassos e sucessos.
O jogo simbólico, ou o faz de conta, permite à criança recriar sua realidade repensando e ressignificando o mundo real. Dessa maneira ela se desenvolve cognitiva e emocionalmente de uma maneira saudável favorecendo a socialização, a interação com o outro, aumentando seu repertório verbal e afetivo, além de fomentar a criatividade e a imaginação. Uau, a brincadeira faz tudo isso? Sim, faz!
É importante permitir que a criança tenha tempo e espaço para brincar livremente. Montar, desmontar, multiplicar seus brinquedos sejam eles comercializados ou aqueles que só elas sabem criar com tampas, caixas, peneiras e outros objetos incríveis que estão ali ao seu alcance. Quem já não viu uma criança se divertir com a embalagem deixando o “brinquedo” de lado?
Então, é só deixar a criança ali, brincando sozinha livremente? Sim e não. A criança precisa desses momentos para fazer suas relações e próprias interpretações do mundo, levantar suas hipóteses e se desenvolver. Mas, as brincadeiras dirigidas também são extremamente importantes. Quando se tem um foco ou objetivo de desenvolvimento como coordenação grossa, fina, vocabulário, percepção visual auditiva, dentre tantos outros podemos e devemos jogar e interagir com elas. O segredo sempre é saber a medida, nada em excesso é bom. A criança precisa do ócio. É essencial deixarmos momentos do dia para que ela possa fazer essa exploração e pesquisa e não ocuparmos a agenda dela de maneira que não tenha tempo para nada. Mas, também não nos esqueçamos da interação, de compartilhar novidades, saber como foi seu dia, brincar junto, afinal, somos seres sociais, não é verdade?
Uma infância estimulante, com brincadeiras apropriadas a cada etapa de desenvolvimento, contribui para a formação de uma personalidade íntegra e completa, que apesar de se formar até os dezoito anos ou um pouco mais, as experiências vividas nos anos iniciais, até os seis anos de idade são fundamentais para a construção afetiva e cognitiva saudável da criança. Isso feito, em um ambiente adequado e motivador, estabelecerá a qualidade de experiências que serão vividas pela criança. As situações lúdicas (do latim Ludus = brincadeira, diversão, jogo) auxiliam a criança a lidar com sentimentos, contribuindo com o amadurecimento e colaborando para as decisões que tomará posteriormente na vida adulta.
Por meio dos jogos e brincadeiras desenvolvemos e potencializamos várias habilidades e também, como descreveu Howard Gardner, as mais diversas inteligências. Bem planejadas e aplicadas respeitando a etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra, auxiliam a criança a despertar seus talentos.
Inteligência
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Habilidade
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Como estimular
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Lógico – matemática
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Números, conhecer e resolver problemas lógicos, raciocínio
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Quebra-cabeças, resolução de problemas, desenvolvimento do pensamento crítico
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Linguística
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Palavras e comunicação
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Conversar com a criança, contar histórias, buscar significados de palavras
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Corporal-Cinestésica
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Corpo, músculos, coordenação manual, visual, motora e tátil.
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Jogos e atividades motoras, mímica, interpretação
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Musical
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Tonalidades, ritmos, sensibilidade a sons, voz.
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Cantar com a criança, fazê-la aprender a ouvir a musicalidade dos sons, coral, jogral
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Espacial-Visual
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Formas diferentes, criar imagens mentais, especialização da lateralidade.
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Jogos para lateralidade, acima abaixo, em volta, entre, enigmas visuais, palavras cruzadas.
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Pessoal
Inter e intra pessoal
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Inter – comunicação e relacionamento, empatia
Intra – Autoconhecimento, reflexão, ideias
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Autoconhecimento e reconhecimento dos sentimentos. Teatro, jograis, criar histórias.
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Pictórica
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Cores, desenhos e sinais visuais
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Desenho livre, percepção de cores e formas
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Naturalista
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Percepção de Ecossistemas, habitats. Despertar a curiosidade
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Passeios para conhecimento e sensibilização, horticultura.
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Brincar não é brincadeira, é coisa séria!