Natal, consagração do nascimento, nos lembra a importância da família na vida de todos
Dezembro chega e com ele os brilhos natalinos e as festas de réveillon. O clima de renovação e esperança, afinal, Natal é nascimento, toma o ar e costuma contagiar até os mais ranzinzas. Esse momento de celebração também costuma ser de reflexão e expectativas, pois um ano termina e um novo se aproxima. Eu, como médico, costumo pensar em algumas pacientes e suas histórias. Assim, imagino como estará se sentindo uma mulher no auge de sua fertilidade que se descobre doente, com câncer, já que o diagnóstico desta doença é considerado um dos mais sofridos na vida de uma pessoa. Penso na jovem que tem endometriose e não consegue engravidar ou ainda na mocinha que hoje adora uma balada onde bebe e fuma a valer, sem pensar nas consequências de amanhã.
Para a paciente com câncer, eu a lembraria que, se por um lado essa realidade causa pânico, ao se pensar no futuro que vem pela frente, a posterior notícia é a que os tratamentos para esse mal estão cada vez mais eficazes. E, além disso, também existe a possibilidade de que ela seja mãe após a terapia. Afinal, hoje, poderia congelar seus óvulos antes do início do tratamento, por exemplo. Creio que meu comentário deixaria essa mulher mais confortada.
À jovem com endometriose, falaria que mesmo esta sendo uma doença complexa e enigmática, existem vários tratamentos disponíveis atualmente. Também a lembraria que a fertilização in vitro seria uma das melhores opções para que conseguisse realizar seu sonho de ser mãe. Com a ciência evoluindo dia a dia, o leque de opções de tratamentos, para qualquer mal, é ampliado constantemente. Basta acompanhar os jornais para comprovar que diariamente são divulgadas gratas notícias que vêm de várias partes do mundo.
Já à mocinha que não abre mão do cigarro e do álcool, eu a lembraria que os efeitos dessas substâncias em seu corpo serão notados, mais facilmente, daqui a alguns anos. Talvez, quando tente engravidar e não obtenha sucesso. O cigarro, por exemplo, é considerado o veneno reprodutivo mais potente do século XXI. Vários estudos científicos comprovam seu efeito deletério sobre a saúde reprodutiva. Mulheres fumantes também podem apresentar maior incidência de irregularidade menstrual e amenorreia (falta de menstruação). A fertilidade é reduzida em 25% nas mulheres que fumam até 20 cigarros ao dia, e 43% naquelas que fumam mais de 20 cigarros, ou seja, o declínio da fertilidade tem relação direta com a dose de nicotina. Creio que se ela pensa em ter filhos, após me ouvir, iria rever seus hábitos.
Esses são exemplos de como eu lidaria com cada caso, porém, mais importante que um médico atento às suas pacientes, é o apoio e a presença da família. Pais que se importam com seus filhos, irão adverti-los sobre o quanto é prejudicial o álcool em excesso ou o fumo. Irão acompanhar o desenvolver de seus meninos e meninas, e tratar qualquer problema de saúde que surja. Irão apoiá-los em situações onde a pessoa se sente perdida e precisa de palavras carinhosas vindas de quem realmente mais amam no mundo.
Natal é nascimento, é momento de encontro, de celebração. E falo isso para lembrar que a família é, ou deveria ser, o resumo de todos esses sentimentos que nos movem e nos fazem ser corajosos para enfrentar as intempéries da vida. Nosso porto-seguro, para o qual voltamos após nos aventurarmos por mares calmos ou turbulentos.
Assim, me despeço desejando a todos, Feliz Natal e inesquecível, com muitas novidades na medicina reprodutiva e, de preferência, em família!