Conheça um pouco sobre herança epigenética e saiba que pode alterar, sim!
Grandes pesquisadores na última década conseguiram comprovar que doenças crônicas poderiam ser prevenidas por várias gerações através de modulação epigenética mediada pela nutrição.
O que é Epigenética?
São variações não-genéticas adquiridas durante a vida de um organismo e que podem frequentemente serem passadas aos seus descendentes.
Desta forma, as características fenotípicas poderiam ser alteradas por meio de modificações no estilo de vida e pelo ambiente em que o indivíduo vive.
Na prática, uma mãe ou pai com genes que predispõe à obesidade, diabetes ou câncer, por exemplo, se tiver um excelente acompanhamento clínico-nutricional e, portanto, obtiver alterações em seu estilo de vida, antes mesmo de engravidar, poderia reverter estas heranças que chamamos de transgeracional.
Ao mesmo tempo, pais com estilo de vida sedentários, com hábitos alimentares inadequados, tabagistas, alcoolistas ou dependentes de outras drogas já sabem que estão influenciando de forma negativa no desenvolvimento da epigenética de seus filhos.
Até mesmo a formação da placenta depende de genes do pai e da mãe, cada um com sua função específica. Os genes de origem paterna seriam responsáveis pelo desenvolvimento normal da placenta e, por sua vez, os genes maternos seriam extremamente importantes no crescimento e desenvolvimento do embrião.
Nosso foco neste texto é apontar apenas as alterações no nível intra-uterino. No entanto, pensando na fertilidade, sabe-se que alterações bruscas no ciclo circadiano, como o que ocorre com pessoas que não tem um horário certo para dormir ou passam noites acordadas por questões profissionais, podem ter sua capacidade de concepção drasticamente afetada e são mais propensos a alguns tipos de câncer.
Importante destacar que pesquisadores têm identificado cada vez mais influências de alterações nas expressões de genes paternos e maternos e aumento do risco de desenvolvimento de algumas doenças, tais como: autismo, esquizofrenia na vida adulta, câncer de variados tipos e até mesmo algumas síndromes genéticas.
Desse modo, intervenções nutricionais poderiam modular a expressão dos genes associados a desenvolvimento destas doenças. Atualmente uma área que é destaque na pesquisa epigenética.
Portanto, a nutrição ocupa mais uma vez um lugar de destaque na prevenção de doenças, reconhecida pelo mundo científico. Restando as autoridades governamentais a instituição de políticas públicas que venham possibilitar que as pessoas tenham acesso, o mais cedo possível, a um acompanhamento nutricional individualizado, com foco na prevenção de doenças. Cuidado este que deve ser personalizado.
Em tempo, gostaria de esclarecer que quando falo de Nutrição, refiro-me a implementação de uma alimentação saudável. Alimentação esta que significa comer alimentos puros, livres de contaminantes, vindos da natureza, minimamente processados, ou seja, não falo aqui de ULTRAPROCESSADOS. Ao contrário, estes últimos seriam produtos altamente prejudiciais à saúde materno-infantil, contribuindo para o desenvolvimento de todas as doenças anteriormente citadas.
Na antiguidade, Hipócrates (460 a 377 a. C) já nos alertava que “Somos o que comemos”, mas nós somos também o que nossos antepassados comeram (pais e avós) e como solução para isto, novamente Hipócrates já nos dizia (e que cada dia mais os cientistas estão confirmando na atualidade): “Que teu alimento seja teu remédio e que teu remédio seja teu alimento”. É, portanto, na alimentação saudável que está o segredo para a prevenção e cura de diversos males.
Algumas orientações importantes:
a)Antes de engravidar, os pais devem procurar acompanhamento médico e nutricional, ao menos um ano antes da concepção. Bons profissionais saberão orientá-los e planejarão modificações gradativas em seus estilos de vida que resultarão em uma grande melhoria em seu estado geral de saúde.
b)Se já está gestante, compareça às consultas de pré-natal e procure um acompanhamento nutricional personalizado (nada de dietas “padrões” ou listas de alimentos). Uma intervenção nutricional individualizada e sem modismos ou radicalismos é a única forma segura de favorecer um bom desenvolvimento fetal.
c)Se seu filho já nasceu, procure acompanhamento pediátrico e de nutricionista. Ofereça uma alimentação saudável e jamais introduza em sua alimentação produtos que fingem ser alimentos (ultraprocessados).