Acondroplasia: a Jornada da família Falchi a partir de um Diagnóstico de uma Doença Rara

pixabay

Quando Karina Falchi, dona de um comércio em Campo Grande (MS), descobriu que estava grávida de Isaac, ela se viu pronta para a experiência de uma segunda maternidade. Já familiarizada com os desafios e alegrias da gestação, Karina seguiu tranquila, imaginando o momento em que sua filha mais velha, Isabela, finalmente teria o irmão que tanto desejava. Contudo, a gravidez se tornou uma jornada cheia de incertezas e descobertas transformadoras a partir de um ultrassom que foi realizado na 30 semana de gravidez.

No consultório, enquanto observava as imagens na tela, Karina notou que o médico foi ficando cada vez mais sério ao medir os ossos do feto. Naquele momento, o doutor não levantou nenhuma suspeita, mas o atraso na entrega do laudo e as análises posteriores trouxeram uma preocupação: algo no bebê estava fora do padrão esperado. O que inicialmente parecia ser apenas um erro de medição, acabou se confirmando como um sinal de que Isaac tinha características associadas a uma condição genética. A partir dali, Karina e o marido, iniciaram uma saga em busca de um diagnóstico para o filho.

“Isaac nasceu prematuro, mas saudável, pesando 3,2 quilos e com 45 centímetros”, relembra Karina. “Eu esperava que, com o nascimento, os médicos pudessem esclarecer o quadro do meu filho. No entanto, a falta de um diagnóstico imediato tornou os primeiros meses de vida do Isaac uma experiência desgastante”.

A confirmação de que Isaac tinha acondroplasia, a forma mais comum de nanismo[1] – veio apenas aos cinco meses após o nascimento por meio de exames genéticos detalhados. Para a família, foi um momento de emoções conflitantes. Por um lado, Karina sentiu alívio por finalmente ter um diagnóstico. Por outro, enfrentou a dor de saber que a condição traria desafios físicos e sociais para o filho. “Foi como encontrar uma direção após meses de navegação às cegas, mas o destino era algo que eu precisava aprender a aceitar e enfrentar”, afirma.

Entendendo a acondroplasia

A acondroplasia afeta cerca de 1 em cada 20 mil nascidos vivos e é causada por uma mutação genética no gene FGFR3, que regula o crescimento ósseo. Como resultado, as pessoas com a condição apresentam baixa estatura desproporcional, com tronco de tamanho médio, mas membros mais curtos.[2]

“Apesar das complicações que podem surgir, como apneia do sono, infecções recorrentes nos ouvidos, hipotonia e problemas ortopédicos, com o devido acompanhamento, é possível melhorar a qualidade de vida destas crianças”, explica o endocrinologista pediátrico Genoir Simoni.

Com o diagnóstico em mãos, Karina entendeu que precisaria de acompanhamento multidisciplinar para garantir o desenvolvimento saudável de Isaac. Ela começou a frequentar o grupo Somos Todos Gigantes e eventos voltados à comunidade de pessoas com acondroplasia. “Descobrir que outras famílias já tinham passado por situações parecidas foi muito reconfortante. Era como fazer parte de uma rede que entendia exatamente o que eu estava sentindo”, compartilha a mãe de Isaac.

Isaac surpreendeu a todos ao atingir marcos de desenvolvimento, como começar a andar aos 13 meses de idade, apesar das preocupações iniciais com a hipotonia, condição caracterizada pela diminuição do tônus muscular, que resulta em músculos mais fracos e com menor resistência dificultando movimentos e posturas adequadas.

Contudo, outros desafios, como atrasos na fala e otites frequentes, demandaram atenção especial. Isaac precisou de sessões de fonoaudiologia e até procedimentos cirúrgicos para a inserção de tubos de ventilação, que ajudaram a aliviar os problemas auditivos.

Karina também aprendeu a adaptar suas expectativas e estratégias, quando compreendeu que Isaac não poderia ser avaliado pelas mesmas curvas de crescimento usadas para crianças de estatura média. “Entender as peculiaridades da condição foi libertador”, afirma a mãe. “Parei de comparar o desenvolvimento dele com o de outras crianças e comecei a celebrar cada conquista no tempo dele”.

O especialista destaca que o sucesso no manejo da condição está diretamente relacionado a um diagnóstico precoce e ao acesso ao tratamento farmacológico e ao cuidado multidisciplinar que compreende pediatras, geneticistas, fonoaudiólogos e outros especialistas. “Essas intervenções permitem identificar e tratar complicações associadas à acondroplasia em tempo hábil”, finaliza Simon

Fonte: endocrinologista pediátrico Genoir Simoni.

Deixe um comentário