Bebês grandes e pequenos ao nascer sempre suscitam preocupação. Seriam essas características de natureza hereditária ou alterações que necessitam tratamento? De qualquer forma, essas crianças requerem observação criteriosa para entendermos o significado de suas medidas antropométricas distintas da média de seus pares. Isso porque essas características podem estar intimamente relacionadas a dificuldades adaptativas desses bebês durante o período pré natal, podendo se manifestar clinicamente em etapas posteriores da vida.
Crianças que nascem pequenas e risco de baixa estatura
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 8 a 26% das crianças nascidas em todo o mundo são pequenas ao nascer, ou seja, tem peso abaixo de 2500g. A maioria delas, não tem deficiência do hormônio do crescimento e recuperam o peso e a altura ao longo da infância. Entretanto, 10 a 15% dessas crianças não se recuperam e persistem baixas em relação aos parâmetros normais para a idade e sexo.
Esses dados chamam a atenção para a importância do acompanhamento de crianças nascidas pequenas, para que possamos detectar precocemente uma evolução desfavorável no seu crescimento.
Nascer pequeno, não significa ser pequeno durante toda a vida, pois a maioria dessas crianças tem a capacidade de recuperar uma altura considerada normal na vida adulta, vencendo uma aparente estagnação trazida da vida intra-uterina.
Entre essas 10 a 15% de crianças que não recuperam a estatura normal, não há relatos de desnutrição, deficiência hormonal ou de familiares baixos. Elas simplesmente não crescem normalmente como seus pares. Precisam de ajuda para isso.
O que se sabe hoje é que 20% de todos os adultos com baixa estatura pertenceram a esse grupo especial de crianças que nasceram muito pequenas. Logo, o que temos a fazer é acompanhar de perto suas curvas de crescimento para que possamos intervir a tempo de evitar a baixa estatura na vida adulta.
Crianças com baixo peso ao nascer e risco de obesidade
Muitos adultos obesos não entendem como podem ser eles os únicos obesos da família. Pais e irmãos magros revelam que fatores além da hereditariedade e do comportamento alimentar podem estar interferindo no ganho de peso de muitos deles.
Um dos fatores sabidamente relacionados à obesidade na infância e adolescência é o baixo peso ao nascer. Essa condição parece direcionar o metabolismo da criança a priorizar o armazenamento dos nutrientes em detrimento da queima calórica e isso pode ocasionar uma maior incidência de obesidade na infância e adolescência.
Tendo em vista essa predisposição, as crianças prematuras e com baixo peso ao nascer devem receber atenção redobrada e serem estimuladas desde cedo a serem mais ativas e se alimentarem corretamente, ao invés de serem poupadas e superalimentadas. Essa atitude não irá beneficiá-las nem recuperar o tempo que elas deixaram de nutrir no útero materno.
Crianças que nascem grandes e risco de obesidade e diabetes
A nutrição e o ganho de peso fetal dependem muito das oscilações da glicose materna e de sua capacidade de estimular a insulina fetal. Isso mesmo, a insulina do bebê é o principal hormônio de crescimento durante a vida intra uterina e é intensamente estimulada pela alimentação da mãe.
Gestações em mulheres diabéticas ou simplesmente em mulheres com consumo exagerado de calorias, principalmente carboidratos, tendem a estimular o ganho de peso dos fetos que desenvolvem nesse ambiente. Dessa forma, são geradas crianças com mais 4.000g ao nascer. Os bebês macrossômicos.
Eles costumam se destacar no berçário por serem os mais belos, mas durante a infância já demonstram uma grande tendência à obesidade e mais tarde ao diabetes. Essa condição se deve ao fato de que a hipersecreção de insulina persiste fora do ambiente uterino.
Dessa forma, é muito importante a orientação nutricional das gestantes no sentido de que elas não comam por dois, evitem o ganho de peso excessivo durante a gestação e priorizem uma refeição balanceada controlando o consumo de carboidratos.
Estatura normal ao nascer e deficiência de hormônio do crescimento
Ao nascer a estatura do bebê está intimamente ligada à saúde e nutrição maternas e à sua produção de insulina. Nessa fase da vida, o hormônio de crescimento propriamente dito tem pouca ou nenhuma influência em seu crescimento.
Somente a partir dos dois anos de idade é que os fatores hormonais passam a ter importância no crescimento infantil. Dentre eles, os mais importantes são os hormônios tireoideanos e o próprio hormônio de crescimento (GH). Nesses casos, as doenças tireoideanas, principalmente o hipotireoidismo e a deficiência de GH podem causar retardo no crescimento.
Logo, nascer com estatura normal, não significa suficiência do hormônio de crescimento, pois na ausência desse hormônio, nós só poderemos observar a desaceleração do crescimento a partir dos dois ou três anos de idade, quando o médico poderá lançar mão dos testes diagnósticos.
Crescer é a principal característica da infância e adolescência. Tão importante a ponto de ser um dos principais marcadores do estado de saúde das crianças. Apesar de normal ao nascer, as curvas de crescimento podem revelar alterações durante a infância que permitem o diagnóstico da rara condição de deficiência do hormônio de crescimento. Esse diagnóstico precoce permite o tratamento eficaz e dá à criança a possibilidade de alcançar uma estatura final próximo do normal.