Alimentos caseiros e industrializados para bebês

PREPARO DE ALIMENTOS CASEIROS E INDUSTRIALIZADOS PARA BEBÊS PODE SER INADEQUADO

Estudo da Unifesp aponta que tanto as mães quanto as indústrias podem estar cometendo erros no preparo da alimentação infantil oferecida após o sexto mês de vida. Das crianças que consumiam os alimentos caseiros, 10% apresentaram desnutrição e, 60%, anemia.

A fase de transição entre o aleitamento materno exclusivo e a introdução de alimentos é o primeiro passo para assegurar uma infância saudável e evitar futuras doenças, entre elas, as cardiovasculares.

Entretanto, uma análise laboratorial da composição química de proteínas, lipídios, fibra, carboidratos, ferro, sódio e energia feita em 60 amostras de refeições caseiras e em 25 industrializadas – adquiridas em estabelecimentos comerciais da cidade de São Paulo – revelou que todas apresentaram quantidades muito pequenas de ferro.

As alimentações caseiras, da forma como estavam sendo preparadas, proporcionavam baixo conteúdo energético e elevado teor de sódio (sal). E, nas refeições industrializadas, apesar de maior porcentagem energética, a distribuição de nutrientes foi classificada como inadequada. Ao contrário das caseiras, elas apresentaram baixos teores de sódio.

Todas as refeições analisadas eram compostas por ingredientes e formas de preparo diversificados, que incluíam arroz, feijão, carne bovina, vegetais e/ou macarrão.

De acordo com Pérola Ribeiro, nutricionista e autora da pesquisa, apresentada como tese doutorado na Unifesp, uma alimentação não balanceada, com excesso ou falta de sódio e baixos teores de ferro e de outros nutrientes essenciais ao desenvolvimento infantil pode causar, em curto prazo, diarréia e desnutrição. “Em longo prazo, os efeitos são mais significativos e a criança pode desenvolver obesidade, hipertensão, alergias, problemas cardiovasculares e diabetes”, afirma a pesquisadora.

Déficit nutricional e anemia

Para analisar o impacto do preparo inadequado das refeições caseiras durante essa fase do desenvolvimento infantil, a nutricionista, além de comparar a composição nutricional das refeições caseiras com as industrializadas, também avaliou a concentração de hemoglobina e o índice antropométrico (peso e estatura) das 60 crianças que consumiam o alimento preparado pela família. A faixa etária variou de sete a 18 meses.

Os resultados indicaram que o estado nutricional dessas crianças se mostrou adequado, quando avaliado pelos índices de peso/estatura e peso/idade. No entanto, 10% estavam desnutridas quando a avaliação foi feita pelo índice de estatura/idade.

Outro dado preocupante foi a detecção de anemia em 60% das crianças, sendo que, em 11,7% delas, os casos foram considerados mais graves. Pérola explica que a alta prevalência de anemia pode ser explicada pela baixa concentração de ferro nas refeições caseiras avaliadas. “Uma alimentação balanceada depende da combinação de nutrientes essenciais, que incluam uma quantidade variada de carne, peixe, aves, feijão, ervilha, arroz, macarrão, derivados de leite e vegetais”, afirma.

Como o Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) – que é referência mundial – ainda não estabeleceu uma proporção de energia proveniente dos nutrientes essenciais para cada refeição, na faixa etária entre 7 a 12 meses os valores adotados são os mesmos propostos para crianças de 1 a 3 anos, que devem ser de 5% a 20% de proteínas, 30% a 40% de lipídios e 45% a 65% de carboidratos.

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