Os benefícios da amamentação na saúde do bebê vão além do fortalecimento imunológico que o protege de doenças e problemas futuros. Classificado como o principal alimento nutricional, o leite materno pode auxiliar também um no desenvolvimento cognitivo aos pequenos, ou seja, interferindo positivamente na melhora da habilidade de aprendizagem e processamento de informações.
Segundo a pediatra do Hospital Edmundo Vasconcelos, Mariana Jordão, o processo da formação cognitivo está relacionado a fatores genéticos e ambientais, e é neste segundo quesito que se encaixa a amamentação. “Existem estudos que apresentam esta relação positiva pelo leite possuir a composição necessária ao bebê, principalmente nos seis meses de vida e fazendo-se complementar até os dois anos de idade, quando se tem o maior desenvolvimento neuropsicomotor”, complementa.
Entre esses estudos citados está o da Universidade Federal de Pelotas, que acompanhou quase 3.500 recém-nascidos desde 1982 até os 30 anos, e identificou que os participantes que foram amamentados por 12 meses apresentaram maior QI e renda mensal do que os que somente receberam o leite materno por menos de um mês.
O bom resultado neste meio pode estar correlacionado a alguns componentes do leite, como os ácidos graxos, que na maioria das vezes não são encontrados em fórmulas suplementares. Mariana esclarece que essas substâncias, como o ácido aracdônico, proveniente do Omega 6 e o DHA, oriundo do Omega 3, têm papel importante no processo cognitivo.
“Esses ácidos graxos atuam na construção das membranas celulares, principalmente das células da retina, propiciando uma melhor visão, e do sistema nervoso central. Eles se acumulam rapidamente nestes sistemas principalmente nos último trimestre da gestação e nos primeiros meses de vida”, reforça.
Além do fator químico do leite, o contato entre mãe e bebê tem parcela importante neste processo, permitindo uma redução de estresse e irritabilidade, e melhora na interação social. “Esses aspectos também influenciam. Somente o cheiro da mama da mãe já induz uma resposta da criança, e com isso favorecendo a relação entre os dois. Esse relacionamento ajuda no avanço neurológico, e consequentemente no desenvolvimento cognitivo”, finaliza.