Especialistas ensinam dicas para promover um ambiente positivo durante mudanças escolares
Com a proximidade do início de um novo ano letivo, pais, responsáveis e escolas enfrentam desafios relacionados à adaptação escolar de crianças e adolescentes. Para muitos, a mudança para uma nova instituição, a transição entre etapas do ensino ou o simples recomeço das atividades escolares pode trazer sentimentos de ansiedade e insegurança. Segundo especialistas, o suporte psicológico adequado desempenha um papel fundamental nesse processo.
O psicólogo Vinícius Guimarães Dornelles, especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), destaca que a adaptação escolar é uma experiência multifacetada. “Cada faixa etária enfrenta desafios específicos. As crianças mais novas, por exemplo, têm maior dificuldade em lidar com separações, enquanto os adolescentes precisam equilibrar questões sociais e demandas acadêmicas mais intensas”, explica. Dornelles ressalta que o diálogo constante entre pais e filhos pode ajudar a identificar e minimizar os sinais de estresse. “Fazer perguntas abertas sobre como a criança se sente e validar seus medos sem minimizar suas preocupações é essencial”, orienta.
Para crianças em fase de transição, como a passagem da educação infantil para o ensino fundamental, a psicóloga Êdela Aparecida Nicoletti enfatiza a importância de preparar os pequenos para as mudanças. “As crianças dessa idade ainda estão aprendendo a lidar com as emoções. Uma estratégia é apresentar a nova escola de forma gradual, com visitas e encontros prévios, criando familiaridade e reduzindo o impacto emocional”, sugere.
Nicoletti também alerta sobre a necessidade de oferecer um suporte adequado para adolescentes que enfrentam pressões sociais e acadêmicas. “Adolescentes muitas vezes internalizam seus sentimentos, o que pode resultar em aumento de ansiedade ou até mesmo quadros depressivos. Ter um adulto de confiança para compartilhar essas preocupações faz diferença na qualidade do enfrentamento”, afirma.
Para os pais, um comportamento positivo é essencial para a adaptação da criança. “Pais que demonstram confiança na escola e nos professores ajudam a criar um ambiente de segurança emocional. Quando os responsáveis estão ansiosos, as crianças tendem a absorver esses sentimentos”, comenta Dornelles. Ele recomenda que os adultos cuidem de sua própria saúde emocional, principalmente em momentos de transições desafiadoras e confiem nas suas crianças para apenas guiar essas mudanças com apoio adequado.
As escolas também têm papel importante nesse processo, oferecendo um ambiente acolhedor e trabalhando para facilitar a socialização. “Estar atento aos alunos que demonstram maior dificuldade em se enturmar ou em acompanhar as atividades pode evitar que problemas emocionais se agravem”, ressalta Nicoletti.
A colaboração entre famílias e instituições escolares é essencial. “Trocar informações com a escola e, se necessário, buscar o apoio de um psicólogo, é fundamental para garantir que as crianças superem esses desafios com resiliência e confiança”, finaliza Dornelles.
Fonte:
Vinícius Guimarães Dornelles é mestre em psicologia na área de Cognição Humana. Especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pela Behavorial Tech (Seattle-EUA), em Terapia Dialéctico Conductual pela Universidade de Lujan (Argentina), em Terapia Cognitivo Comportamental e em Terapias baseadas em evidências para o TPB pela Fundación Foro (Argentina).
Êdela Aparecida Nicoletti, psicóloga especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pela Behavioral Tech (Seattle-EUA) FBTC e DGERT e em Terapia Cognitivo-Comportamental. Com certificação em transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), Êdela é diretora do Centro de Terapia Cogntiva (CTC) Veda, mentora e tutora do Programa de Proficiência em Terapia Cognitiva e professora Honorária da Equipe Formadora do Instituto Nora Cavaco de Portugal.