Pediatra do Hospital Santa Catarina – Paulista, aponta que, mesmo antes do inverno, as infecções virais respiratórias podem colocar a saúde das crianças em risco
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Ao contrário do que muitos pensam, a alta das temperaturas também contribui para a facilitação da transmissão de doenças respiratórias, o que acende o alerta para não descuidar da saúde, principalmente em relação às crianças. O Dr. Werther Brunow de Carvalho, pediatra do Hospital Santa Catarina – Paulista explica que as infecções virais respiratórias são as causas mais frequentes nesse período entre março e junho, sendo prevalente nos pacientes mais vulneráveis: “A doença se manifesta pela presença de bronquiolite, pneumonia viral, pneumonia bacteriana ou quadros mais leves de infecções de vias aéreas superiores”, conta.
Outro fator de extrema importância e que exige cuidados adicionais dos pais com as crianças menores de 2 anos e, em especial, bebês prematuros, é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), doença sazonal responsável pela bronquiolite. Antes característico das estações mais frias, está em circulação no Brasil desde o início do verão, provocando uma alta significativa das doenças respiratórias. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, de janeiro a março, foram registrados mais de 3 mil casos de infecções causadas pelo vírus. Deste total, 95% dos pacientes afetados são crianças de 0 a 4 anos.
Sintomas
Os sintomas iniciais são parecidos com os do resfriado comum, como tosse, obstrução nasal, coriza e às vezes chiado no peito, durando, em média, entre 3 e 15 dias. Porém, um indicativo de gravidade é a dificuldade para respirar e a falta de ar. “Como os primeiros sinais são bastante corriqueiros, é essencial que um médico avalie a criança para o diagnóstico correto, no intuito de evitar o agravamento do quadro e o desenvolvimento de outras doenças respiratórias mais graves, como pneumonia e asma, e a presença do vírus sincicial respiratório que ocasiona doença sazonal”, relata Dr. Werther, que destaca também outros sintomas: “Um terço das crianças apresentam febre que, no geral, fica abaixo de 39ºC. Há também dificuldade da criança em se alimentar, o que ocorre normalmente após 3 a 5 dias do início da doença. É preciso ficar atento, pois nas lactentes abaixo de 6 semanas de idade pode ocorrer apneia”.
Quando ir ao hospital
Dr. Werther aponta que é preciso estar atento aos sinais. “Se perceber que a tosse está piorando, a ponto de a criança não conseguir dormir, que o peito dela está se movendo para cima e para baixo, de forma ofegante, deve-se procurar a emergência”. A maioria das crianças com bronquiolite aguda podem ser tratadas de maneira ambulatorial utilizando medidas de suporte como aspiração das secreções nasais, elevação da cabeceira da cama e fracionamento da alimentação. “Nos pacientes com acometimento respiratório mais importante, o protocolo é a internação para mantermos as vias áreas com uma boa ventilação”, conclui o especialista.
De acordo com o pediatra, quando o vírus age de forma mais agressiva contra as defesas da criança, o pulmão pode perder um pouco de sua capacidade, levando a repercussões mais sérias que, em alguns casos, demandam até mesmo internação na UTI. Por essa razão, anualmente, o Hospital Santa Catarina aumenta o número de leitos pediátricos na época do ano em que há um aumento dos casos de bronquiolite e outras doenças respiratórias em bebês e crianças.
Tratamento
Ainda não temos vacina para a prevenção ao vírus sincicial respiratório. O tratamento atual é feito com antivirais como a ribavirina que é recomendada para pacientes imunodeprimidos com infecção grave pelo vírus sincicial respiratório. “E temos também a disponibilidade de uso profilático através de anticorpos monoclonais, ou seja, uma proteína produzida em laboratório que imita a capacidade do nosso sistema imunológico de combater patógenos nocivos, como os vírus, sendo que o palivizumabe está disponível há algum tempo para utilização profilática para pacientes pediátricos com alto risco”, relata o pediatra.
“O outro anticorpo monoclonal aprovado pela ANVISA ano passado, o nirsevimabe, inibe a etapa essencial de fusão da membrana no processo de invasão viral, neutralizando o vírus e bloqueando a fusão célula a célula. Ele é para uso profilático contra o vírus sincicial respiratório, e deve ser aplicado em dose única e visa fornecer proteção durante toda a temporada do VSR. Ele é recomendado principalmente para bebês prematuros com problemas pulmonares; bebês com doenças cardíacas graves; fibrose cística; problemas neuromusculares; problemas nas vias aéreas; e para bebês imunocomprometidos ou com síndrome de Down”, conta Dr. Werther.
Para aqueles que buscam evitar as complicações respiratórias nesta época do ano, existem diversas ações preventivas que podem ser incorporadas ao cotidiano. As principais indicações envolvem manter uma boa ventilação nos ambientes frequentados, reforçar a higiene das mãos, assegurar um bom nível de hidratação ao longo do dia e evitar transições entre ambientes com diferença expressiva na temperatura (choque térmico).
“Além disso, é essencial a lavagem de mãos e adequação do ato de tossir, especialmente em famílias com crianças de alto risco. Evitar exposição à fumaça de cigarro. E manter o calendário de vacinação em dia, pois as variações nas doenças virais são modificadas por muitos fatores, logo, a vacinação é uma das práticas mais eficazes de prevenção, assim como bons hábitos alimentares, acompanhados da prática regular de atividades físicas e agendamentos periódicos com especialistas”, finaliza o especialista.
Fonte: Dr. Werther Brunow de Carvalho, pediatra do Hospital Santa Catarina – Paulista – O Hospital Santa Catarina – Paulista prima pela excelência no atendimento seguro e humanizado. Referência de qualidade em serviços de saúde no Brasil, atende desde pequenos procedimentos até cirurgias de alta complexidade.