No mês Abril Azul, psicoterapeuta destaca que o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) só deve ser realizado por especialistas
Abril é o mês de conscientização sobre o autismo promovida pela Secretaria Extraordinária da Pessoa com Deficiência (SEPD). Conhecida como “Abril Azul”, a campanha é realizada para gerar conscientização sobre a inclusão de pessoas com autismo, além de levar informação à população em relação ao transtorno para reduzir a discriminação e o preconceito contra as pessoas que apresentam o transtorno. Mas por que a cor da campanha é azul? A cor azul simboliza o autismo porque sua incidência é maior em pessoas do sexo masculino. Embora atinja pessoas de todas as etnias e classe sociais, os homens representam 80% dos casos diagnosticados.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem como principais características que impactam habilidades sociais como a comunicação e a capacidade de interação, além de outros comportamentos individuais. Pode ser percebido na primeira infância, por meio de atitudes repetitivas e restritivas, e pode persistir na adolescência e na vida adulta. As causas desse transtorno do neurodesenvolvimento são multifatoriais, porém já é possível afirmar que possui grande influência genética e participação de aspectos ambientais. Crianças e adultos com TEA podem apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte, sendo alguns conseguem realizar qualquer atividade rotineira, outros precisam de ajuda para as tarefas diárias como tomar banho, colocar roupas e se alimentar.
É fundamental trazer visibilidade a esse transtorno pois, assim, podemos identificar o quanto antes o autismo e oferecer todo o suporte necessário. A partir dos tratamentos, especialistas e médicos podem proporcionar melhores condições de desenvolvimento, relacionamentos e experiências, além de, claro, acolhimento ao paciente e conhecimento à família.
Nesses anos de profissão, pude vivenciar algumas situações em que pais vieram até meu consultório relatando uma queixa de comportamento do filho e uma desconfiança de autismo. Além disso, percebo os responsáveis preocupados, afirmando que o filho ou a filha tem autismo, pois a escola constatou que a criança tem TEA.
Recebo relatos de situações de crianças que receberam “diagnósticos” de autismo sem ao menos ter passado por uma avaliação específica feita por um profissional especializado. Apesar de ter ocorrido um aumento dos casos de autismo ao longo dos anos, como mostra a pesquisa feita pelo Censo escolar do Brasil que registrou, entre 2017 e 2021, um aumento de 280% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares, é importante que os diagnósticos sejam feitos com muita cautela e cuidado.
É primordial oferecer aos pais uma avaliação neuropsicológica e orientação adequada. A avaliação neuropsicológica é pautada em diretrizes, cartilhas e regras necessárias a serem seguidas, para que a aplicação dos testes e processo de avaliação, entrevistas e afins, seja feito com ética e eficiência, para alcançar um resultado confiável.
Caso a criança apresente algum sintoma que pode ser indício de algum transtorno, seja TEA ou outros, é essencial apresentar a criança a um psicólogo ou um profissional que possa trabalhar com ela, realizando um psicodiagnóstico de uma forma com que ela se sinta segura, acolhida e a vontade no processo. E, quanto antes essa avaliação for realizada, mais qualidade de vida a criança autista terá e mais orientação a família receberá para apoiá-la adequadamente.
Fonte: Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita.