É compreensível que os pais de recém-nascidos pequenos ou doentes possam ser “cautelosos” em relação às vacinas. Portanto, é importante que os profissionais de saúde orientem os pais dos prematuros
Os prematuros costumam ficar para trás dos bebês a termo na vacinação de rotina. E essa diferença permanece aos 3 anos de idade, segundo um novo estudo. A “hesitação equivocada dos pais” sobre a segurança das vacinas para prematuros pode ser a culpada pelo atraso, apontam os pesquisadores.
O estudo, realizado em Washington, constatou que bebês prematuros eram menos propensos a estar com sua carteira de vacinação atualizada, com as sete vacinas recomendadas, aos 19 meses de idade. Mais da metade estava sub-vacinada nesse período, e, aos 3 anos de idade, um terço ainda estava sub-vacinado.
Os autores do estudo destacam que as descobertas são preocupantes porque os prematuros têm maior probabilidade de ficar gravemente doentes se contraírem as infecções que as vacinas previnem.
As razões para os resultados não são claras, mas a cautela dos pais em relação às vacinas pode ser um fator para os resultados encontrados. “Os pais de prematuros, às vezes, sentem que estão lidando com uma criança mais frágil. E a partir desse pensamento, eles podem se preocupar excessivamente com a segurança da vacinação para seus filhos”, afirma o pediatra homeopata, Moises Chencinski.
Segundo os pesquisadores, além da impressão pessoal dos pais, há sempre muita coisa acontecendo nos primeiros dias de vida, na unidade de terapia intensiva neonatal, o que pode fazer com que médicos, enfermeiros e pais fiquem focados em várias outras necessidades e as conversas sobre vacinas caiam no esquecimento.
“Mas é vital que os bebês prematuros recebam imunizações oportunas, pois o risco de complicações por infecções é maior que a média. Todas as vacinas disponíveis são seguras e eficazes para bebês prematuros e com baixo peso ao nascer”, explica o pediatra.
Exceções no calendário vacinal
De fato, a Academia Americana de Pediatria e outros grupos médicos defendem que os prematuros devem seguir o esquema padrão de vacinas recomendado para bebês nascidos a termo. Apenas algumas exceções são feitas: a primeira dose da vacina contra hepatite B, normalmente administrada no primeiro dia de vida, pode ser adiada; e a vacina contra o rotavírus, que causa diarreia grave, é adiada até que os prematuros saiam do hospital.
As descobertas, publicadas na revista Pediatrics, são baseadas em dados de mais de 10.000 bebês nascidos no estado de Washington, entre 2008 e 2013. Pouco mais de 19% eram prematuros (nascidos antes da 37ª semana de gravidez).
Os pesquisadores buscaram dados sobre se os bebês estavam com a carteira de vacinação atualizada em relação a sete vacinas: poliomielite, sarampo-caxumba-rubéola, difteria-tétano-coqueluche (tosse convulsa), varicela e hepatite B. Analisaram também as vacinas Hib e pneumocócica, que podem prevenir infecções bacterianas graves nos pulmões, sangue e cérebro.
No geral, muitos bebês não receberam todas as vacinas aos 19 meses de idade – incluindo 48% dos bebês a termo. Mas essa taxa foi ainda maior entre os prematuros: 54%. E aos 3 anos de idade, a diferença ainda não havia diminuído: menos de 64% das crianças prematuras estavam com a carteira de vacinação atualizada em comparação com 71% de seus pares a termo.
“As baixas taxas de vacinação oportuna são preocupantes, mas os baixos números entre os prematuros são especialmente alarmantes. Já sabemos que as vacinas são seguras e eficazes. E sabemos também que os bebês prematuros têm maior risco de complicações por infecções, mas, mesmo assim eles estão em risco de sub-vacinação. Precisamos fazer um trabalho melhor para vaciná-los em tempo hábil”, defende Moises Chencinski.