Brasil Registra Queda de Partos Prematuros

ONG Prematuridade.com destaca avanços na prevenção e conscientização, mas alerta para desafios em áreas vulneráveis; campanha Novembro Roxo mobiliza ações em prol da causa

foto: Divulgação/Freepik

O Brasil vem registrando uma tendência de queda na taxa de partos prematuros, aqueles que ocorrem antes de 37 semanas de gestação — o ciclo completo da gravidez é de 40 semanas. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2023, houve uma redução de cerca de 15% no número de nascimentos prematuros no país. Em 2015, a taxa era de aproximadamente 12,5% do total de nascimentos, enquanto dados preliminares de 2023 indicam que esse percentual caiu para cerca de 10,6%. Essa redução é significativa, considerando que o parto prematuro é a principal causa de mortalidade entre crianças menores de 5 anos e está frequentemente associado a complicações de saúde de longo prazo.

Apesar da queda na incidência de prematuridade, o Brasil ainda ocupa a 10ª posição no ranking mundial de nascimentos prematuros, com 330 mil bebês nascendo de forma precoce. Gravidez na adolescência, falta de acesso a um acompanhamento pré-natal de qualidade, doenças gestacionais e desinformação são alguns dos principais fatores para os altos índices de parto prematuro no país, segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2021).

A redução dos partos prematuros também reflete a queda na natalidade. Em 2022, o Brasil registrou o menor número de nascimentos dos últimos 45 anos, com 2,54 milhões de registros; uma redução de 3,5% em relação a 2021. A maior queda foi observada na Região Nordeste, com 6,7% menos nascimentos.

Denise Suguitani, diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, destaca que o Brasil ainda enfrenta grandes desafios na prevenção do parto prematuro, especialmente em regiões com menor acesso aos serviços de saúde e entre populações socialmente mais vulneráveis. “O parto prematuro tem um impacto intersetorial de grandes proporções. Além do alto custo para os sistemas de saúde, a prematuridade pode gerar repercussões de longo prazo, afetando a saúde mental e física dos bebês e de suas famílias. Isso também impacta setores como a assistência social e a educação. Por isso, é cada vez mais necessário garantir o pré-natal e o acompanhamento adequado para reduzir esses números. Precisamos de políticas de incentivo que ofereçam condições para que as mulheres tenham acesso a esse acompanhamento”, explica.

Prevenção e Conscientização – A queda na taxa de partos prematuros é atribuída a uma série de ações preventivas e educativas, como a oferta de assistência pré-natal de qualidade, campanhas de conscientização, uso de tecnologia, testes precoces e monitoramento de infecções. Gestantes com fatores de risco, como hipertensão, diabetes gestacional ou gravidez múltipla, recebem acompanhamento especializado, com monitoramento contínuo e intervenções personalizadas.

Em alguns casos, o uso de medicamentos para acelerar a maturação dos pulmões do feto e prolongar a gestação até uma fase mais segura tem sido uma medida preventiva eficaz. “Esse avanço é resultado de um esforço coordenado entre o sistema público e privado de saúde, iniciativas educacionais e o fortalecimento de políticas de prevenção, que visam reduzir as complicações associadas ao nascimento prematuro. A conscientização das mães sobre os fatores de risco e os cuidados durante a gravidez desempenha um papel crucial nesse cenário”, salienta Denise.

Novembro Roxo – Com o slogan “Mais de 13 milhões de bebês prematuros todos os anos: acesso a cuidados maternos e neonatais de qualidade em todos os lugares”, a ONG Prematuridade.com prepara a campanha “Novembro Roxo”, com seu ponto alto no dia 17 de novembro, o Dia Mundial da Prematuridade. A ocasião contará com uma série de atividades, com o objetivo de chamar a atenção para o tema e debater estratégias que promovam mudanças positivas no cenário do parto prematuro no Brasil.

A programação confirmada inclui a participação de representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria, além de celebridades, pais de bebês prematuros e profissionais de saúde. Como parte das ações, monumentos, estádios de futebol e prédios públicos, como o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas de diversos estados, serão iluminados de roxo, cor-símbolo da causa.

Fonte: Denise Suguitani, diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com

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