O parto com hora marcada vem aumentando a cada ano no Brasil. A cesariana tem suas indicações, mas em muitos casos é adotada por puro preciosismo, já que traz mais comodidade ao médico e paciente. Mas esse tipo de parto pode influenciar negativamente na vida do bebê, potencializando o risco de obesidade.
Conforme estudo feito pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, o risco de obesidade aumenta em 58% para crianças nascidas através de parto cesariana. A explicação dada pela autora da pesquisa, Helena Goldani, é a de que há uma alteração no desenvolvimento ou na composição da microbiota intestinal.
No parto normal, há o contato com a flora vaginal da mãe, diferentemente da cesariana. Esse contato com a flora vaginal, acrescenta a pesquisa, é muito importante para o desenvolvimento da flora intestinal da criança.
“Sem esse contato a criança tem afetado o seu metabolismo de acolhimento e de armazenamento de energia e pode ter um impacto sobre o desenvolvimento da obesidade”, revela a pesquisadora.
O artigo da Faculdade de Medicina da USP foi publicado na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition Editorial Office.
O estudo coletou dados sobre estilo de vida das crianças, inclusive a prática de exercício físico. Foi avaliado o perfil socioeconômico. Foram levados em conta também fatores como: peso ao nascer, renda, tabagismo, escolaridade, atividade física e fatores maternos como escolaridade e tabagismo durante a gravidez.
Logicamente que não podemos atribuir o crescente número de obesos apenas ao aumento do parto cesariana pelo mundo. Seria um grande erro. São diversos os desencadeadores da obesidade, a grande maioria já conhecida pela população.
Não se vê mais crianças jogando bola nas ruas, pulando corda, andando de bicicleta ou praticando exercícios fundamentais para a queima de calorias.
Em contrapartida, o público infantil cada vez mais cedo se rende às tentações dos jogos eletrônicos. A proliferação das redes fast-foods foi significativa nos últimos 20 anos. Sanduíches são excessivamente calóricos, porém, paupérrimos em nutrientes. Já as frutas e verduras estão cada dia mais distantes dos pequenos.