Dia Mundial da Obesidade lança luz sobre temas como transtornos alimentares em crianças.
A obesidade infantil é um problema de saúde pública mundial, que pode estar relacionado à genética, a características individuais e comportamentais, influências ambientais e hábitos familiares, e até mesmo à vida ainda dentro do útero materno.
“O momento da concepção até o segundo ano de vida, os chamados 1000 dias de vida, tem merecido cada vez mais atenção, porque é um período de intensa programação metabólica. Alterações nessa fase da vida podem predizer até mesmo condições de saúde do adulto”, destaca a pediatra Talita Lodi, do Hospital Sepaco.
Em 2022, até o mês de setembro, mais de 340 mil crianças entre 4 e 10 anos foram diagnosticadas com obesidade, de acordo com o Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional. Neste Dia Mundial da Obesidade, 4 de março, especialistas dão dicas importantes para prevenção.
“São necessários cuidados como o bom controle alimentar da mãe na gestação, evitando o ganho de peso excessivo materno e o diabetes gestacional, assim como o incentivo ao aleitamento materno, a introdução alimentar adequada na primeira infância e a busca de hábitos saudáveis no ambiente familiar e escolar”, destaca a endocrinologista pediátrica Manuela Ribeiro, também do Hospital Sepaco, que acrescenta:
“Toda criança deve ser acompanhada rotineiramente pelo pediatra. Sempre que for diagnosticado um ganho de peso excessivo ou uma criança já com sobrepeso, hábitos alimentares inadequados ou sedentarismo, as medidas de suporte e orientações específicas já devem ser iniciadas”, pontua a médica.
Principais dicas
Prevenção nos primeiros anos
Um pré-natal adequado deve incluir atenção para a nutrição e ganho de peso materno durante a gestação. Dos 6 meses até os 2 anos de vida da criança, deve ser mantido o aleitamento materno associado à variedade de alimentos saudáveis limitando sal no primeiro ano e açúcares além de ultraprocessados até os 2 anos.
“A família tem papel fundamental na escolha dos alimentos e no incentivo ao consumo. A relação saudável com o alimento inclui também o preparo e modo de consumo. Incluir a criança e o adolescente nesse processo, assim como ter refeições em família e evitar o uso de telas no momento da refeição influencia positivamente esta relação”, afirma Manuela.
Descascar mais, desembalar menos
O cardápio dos mais velhos deve contar com o mínimo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras, sódio e/ou açúcar, como salgadinhos, frituras e embutidos. No lanche da escola, vale trocar “pacotinhos” por alimentos preparados em casa. “A dica é incluir sempre uma fruta, uma garrafinha de água ou suco natural, um lanchinho que pode ser um bolo ou sanduíche com ingredientes saudáveis, ou até mesmo um iogurte com cereais”, indica a endocrinologista.
Menos telas e publicidade
“O sedentarismo que acompanha o uso de telas na infância tem sido um dos grandes fatores para o aumento dos índices de obesidade. Crianças que já não brincam livremente e passam horas sentadas ou deitadas consumindo conteúdo pronto e, não incomum, recheado de publicidade alimentar inadequada”, alerta a pediatra Talita Lodi.
O cuidado com a alimentação deve ser combinado a comportamentos como promoção de atividade física, reduzindo também o tempo de uso de telas.
Bom sono e controle de estresse
Sono inadequado leva ao aumento da ingestão calórica e preferência por carboidratos e gorduras. “Além disso, o incentivo a práticas de manejo adequado do estresse e promoção da inteligência emocional, principalmente em crianças mais velhas e adolescentes, também são aliados no controle da ingestão de calorias”, explica ainda a pediatra Talita Lodi.
Consultas de rotina
“Criança que é acompanhada regularmente pelo pediatra tem seus índices antropométricos e sua rotina e hábitos de vida avaliados sistematicamente, permitindo que orientações e mudanças sejam realizadas em tempo oportuno, evitando o aparecimento de diversas doenças, incluindo a obesidade. É uma ferramenta chave na prevenção de doenças do adulto”, ressalta Talita Lodi.
Fonte:
Endocrinologista pediátrica Manuela Ribeiro, também do Hospital Sepaco
Pediatra Talita Lodi do Hospital Sepaco.