Assim como a gestação espontânea, Fertilização In Vitro com óvulos próprios também é afetada pela idade, com chances de gravidez menores do que 5% após os 44 anos. Mas congelar antes dos 35 anos ou optar pela ovorecepção podem ser alternativas para garantir sucesso do procedimento.
A atriz Claudia Raia anunciou que, aos 55 anos, está grávida do seu terceiro filho. É de conhecimento geral que um dos fatores de maior impacto nas chances de gravidez espontânea é a idade da mulher, visto que as mulheres já nascem com uma quantidade pré-determinada de óvulos, que também envelhecem com o passar dos anos, com consequente diminuição de sua qualidade, passando a apresentar mais alterações cromossômicas e menos energia para gerar um embrião saudável. Esse fato fez com que alguns se surpreendessem com o anúncio da atriz, mas técnicas de reprodução assistida e preservação da fertilidade podem aumentar as chances de sucesso do procedimento. “A Fertilização In Vitro (FIV) é um dos tratamentos de reprodução humana mais populares. No entanto, suas taxas de sucesso também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que a idade do óvulo utilizado é que determina a chance de gravidez. Para se ter uma ideia, a chance de gravidez na FIV com óvulo próprio aos 44 anos é de 5% e aos 45 anos é menor que 1%”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. “É claro que existem exceções à regra, como mulheres com reserva ovariana acima da média ou que congelaram os óvulos anteriormente. Mas, quando esse não é o caso, a solução é o tratamento conhecido como ovorecepção”, destaca o especialista.
De acordo com o médico, a ovorecepção consiste no uso de óvulos doados para a realização da Fertilização In Vitro, que serão fecundados em laboratório com o sêmen do parceiro ou também de um doador para, em seguida, serem inseridos no útero da mulher que gerará o bebê. “Através desse método, as chances de gravidez por meio da Fertilização In Vitro aumentam para cerca de 60% por tentativa mesmo em mulheres que já apresentam uma idade mais avançada, com mais de 40 anos”, explica o Dr. Rodrigo. “E ao contrário do que muitos pensam, a gravidez por doação de gametas, sejam óvulos ou espermatozoides, não reduz o papel de pais do casal receptor, afinal, são eles que garantirão que a criança cresça feliz e saudável. E é fundamental que temas como esses sejam cada vez mais discutidos para conscientizar a população sobre a importância da doação de gametas e para naturalizar a recepção dos óvulos e espermatozoides em tratamentos de fertilidade.”
Uma vez optada pela ovorecepção, a Fertilização In Vitro ocorre como qualquer outra, com os óvulos doados sendo fertilizados em laboratório com os espermatozoides. “No período que procede a fertilização dos óvulos, os embriões vivem em um prato, em um forno aquecido à temperatura corporal. A equipe monitora seu crescimento e desenvolvimento e, eventualmente, escolhe o correto para transferir de volta para o útero. O embrião então é gentilmente transferido de volta ao útero em um processo semelhante ao do teste de Papanicolau. Se você tiver muitos embriões saudáveis neste estágio, eles podem ser congelados para uso posterior”, conta o Dr. Rodrigo Rosa.
Cerca de uma semana e meia a duas semanas depois que o embrião foi transferido, é feito um teste para ver se ele está aderido ao útero. “Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que você finalmente está grávida”, diz o médico. Com o teste positivo, inicia-se o período final de espera: as 38 semanas até o parto.
A partir daqui a gestação segue normalmente como qualquer outra. Mas, é claro, um pequeno número de gestações é interrompido por abortos, sendo fundamental então adotar bons cuidados obstétricos para evitar complicações. “Aqui os hábitos de vida dizem muito. Checar os níveis de Vitamina D também precisa ser feito, uma vez que a própria atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na concepção. Níveis baixos podem resultar em rejeição da implantação do embrião pela gestante, tanto na fertilização in vitro ou na gravidez espontânea. Na dúvida, não tenha medo ou vergonha de fazer quantas perguntas quiser ao seu médico e de pedir clareza quando não entender algo, afinal, a gestação é um grande sonho”, finaliza o médico Dr. Rodrigo Rosa.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana