Entenda como lidar com o transtorno nos relacionamentos interpessoais
O psicólogo Fábio Borba explica desafios e estratégias de convivência em amizades, relações familiares e amorosas de pessoas diagnosticadas com o distúrbio
No início deste mês Cleo revelou, através das redes sociais, a descoberta do Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) depois de realizar diagnóstico com especialista. A condição pode afetar tanto o âmbito pessoal da artista e cantora, como os relacionamentos interpessoais, por isso é importante entender como ele funciona, além do impacto que tem nas relações, a fim de deixá-las mais leves e saudáveis.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico que afeta a atenção, o controle impulsivo e a hiperatividade. “Conhecer os sintomas de TDAH é aprender que não se trata de um problema de comportamento, mas de um transtorno psicológico”, explica Fábio Borba, psicólogo com especialização em relacionamentos.
Além dos desafios acadêmicos e profissionais, as pessoas com TDAH também podem enfrentar dificuldades nas relações com amigos, familiares, parceiros românticos, além do ambiente escolar.
Em relação às amizades, elas podem ter dificuldade em seguir conversas, lembrar-se de compromissos e lidar com interações sociais complexas. “Algumas estratégias úteis para construir e manter amizades incluem comunicação aberta sobre o TDAH, estabelecimento de rotinas e uso de lembretes, além de buscar atividades que interessem e estimulem a concentração”” ressalta o especialista.
Já dentro de um contexto familiar, o TDAH pode afetar a dinâmica e a comunicação entre os membros. As características do TDAH, como impulsividade e dificuldade de organização, podem gerar tensões e mal-entendidos. “É essencial para a pessoa com TDAH e sua família buscar uma compreensão mútua, promover a comunicação aberta e estabelecer estratégias de apoio”, acrescenta o psicólogo.
Os relacionamentos amorosos também podem ser afetados, uma vez que a pessoa com TDAH pode apresentar dificuldades de atenção, organização e controle emocional. “Mudanças rápidas e intensas de emoções, podem resultar em explosões emocionais imprevisíveis. Isso pode causar tensões e conflitos no relacionamento, pois o parceiro pode se sentir surpreso ou sobrecarregado com as reações emocionais intensas”, diz Fábio.
Em contraste com a impulsividade emocional, algumas pessoas com TDAH podem ter dificuldade em identificar e expressar suas emoções de forma clara. “Isso pode levar a uma comunicação deficiente e ao distanciamento emocional no relacionamento, pois o parceiro pode sentir dificuldade em entender as necessidades emocionais deste indivíduo”, afirma o profissional.
Quando falamos sobre o TDAH em ambientes escolares, ele pode afetar o desempenho acadêmico, assim como a organização e a interação com colegas e professores. “É importante que a escola esteja ciente do diagnóstico e forneça o suporte adequado, como planos de acompanhamento individualizados e adaptações curriculares”” enfatiza Fábio.
Além disso, a pessoa com TDAH pode se beneficiar de estratégias de gerenciamento de tempo, uso de técnicas de estudo eficazes e a busca de um ambiente de aprendizado com poucas distrações.
“A comunicação aberta, a compreensão mútua e a adoção de estratégias de convivência são fundamentais para promover uma melhor qualidade de vida para pessoas com TDAH. É importante lembrar que cada pessoa é única, e as necessidades e experiências podem variar. Com apoio, compreensão e as ferramentas certas, as pessoas com TDAH podem desenvolver relacionamentos significativos e bem-sucedidos em todas as áreas de suas vidas”, finaliza Fábio.
Fonte: Psicólogo Clínico Fábio Borba, formado pelo Centro Universitário São Camilo e Pós-Graduado em Gerontologia, Sexualidade Humana com Atualização em sexualidade, identidade de gênero e orientação sexual pelo Instituto de Psiquiatria – HCFMUSP, Aprimoramento em Terapia de Casal e Relacionamentos com trabalhos realizados na área da psicologia social, sexualidade e psicoterapia.