Tanto a gravidez quanto o pós-parto são momentos sensíveis, em que as mulheres ficam mais vulneráveis a desenvolver ou piorar transtornos mentais; o sexo feminino já tem o dobro de chance de desenvolver depressão e ansiedade, e puerpério é mais um fator
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A maternidade pode ser um momento mágico na vida de uma mulher, entretanto, também é um dos motivos pelos quais elas têm um risco aumentado de sofrerem com mais transtornos mentais.. Segundo dados de uma pesquisa desenvolvida pela National Comorbidity Survey, as mulheres têm o dobro de chance de desenvolver um quadro de ansiedade, tanto por questões hormonais, como por pressões sociais.
De acordo com o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica, situações que ocorrem apenas com mulheres podem desencadear transtornos mentais, entre eles ansiedade e depressão. “A mulher tem TPM, gravidez e menopausa. São situações que merecem cuidados especiais, pois podem representar um gatilho. Por isso, é importante abordar essa questão com sensibilidade e reconhecer que a saúde mental é influenciada por uma série de fatores complexos, incluindo biológicos, psicológicos, sociais e culturais”, diz o especialista.
Saúde mental e maternidade
A maternidade significa uma transição, e qualquer mudança vem junto com desafios emocionais e psicológicos, na fase de adaptação de cuidar de um recém-nascido, que é desafiadora. “Entre os principais problemas de saúde mental enfrentados pelas mães estão a depressão antenatal, ou seja, que ocorre durante a gravidez, a depressão pós-parto, ansiedade, estresse, isolamento social, culpa e exaustão”, explica o Dr. Lipman.
Segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz, 26% das mulheres apresentam sintomas de depressão pós-parto no Brasil, afetando negativamente a capacidade da mãe de cuidar de si mesma e de seu bebê. Uma vez que o corpo da mulher passa por muitas mudanças durante a gravidez e o aumento significativo de hormônios são grandes responsáveis pela oscilação de humor e, consequentemente, gatilhos para o surgimento ou agravamento de transtornos mentais.
“Vivemos em um mundo onde essas mulheres sofrem com uma forte pressão social e cultural, sentindo-se forçadas a atender expectativas irreais, o que pode aumentar o estresse, a ansiedade e, consequentemente, as chances de surtos. O mesmo ocorre com as mulheres que fazem inseminação artificial e também precisam passar por um tratamento hormonal”, explica Lipman.
A falta de apoio também pode agravar os problemas de saúde mental. Segundo o especialista, essas mães precisam de ajuda e acolhimento adequado. Isso inclui cuidados médicos, terapia, grupo de apoio e redes de suporte social.
Sintomas para ficar atento
Os sintomas de que a saúde mental está afetada podem incluir tristeza persistente, falta de interesse em atividades antes apreciadas, dificuldade em dormir ou comer, sentimentos de desesperança ou inutilidade, entre outros.
“Apesar dos sintomas serem praticamente os mesmos de uma mulher que não esteja grávida ou no puerpério, o tratamento não é. Por se tratar de uma gestante, ou pós gestante, nem todos os remédios podem ser indicados, pois alguns podem colocar em risco até mesmo a gravidez”, explica.
Por isso, os cuidados pré-natais devem incluir a avaliação da saúde mental da mulher, o que pode envolver exames regulares com profissionais de saúde mental ou questionários de triagem. “Essa é a única forma de identificar precocemente problemas como depressão ou ansiedade”, finaliza o médico psiquiatra.
Fonte – Fundada em 2011, no Rio de Janeiro, a Sig Residência Terapêutica, surgiu com o propósito de trazer um novo olhar em transtornos de saúde mental, com um tratamento humanizado, inclusivo e visando a ressocialização do paciente. Conta com 3 unidades, sendo duas na cidade do Rio de Janeiro e uma em São Paulo.