Neurocientista explica porque a obsessão pela felicidade dos nossos filhos pode estar condenando-os a serem adultos infelizes
A terapia é uma ferramenta de desconstrução psicológica, usada para fomentar e trabalhar em diversas questões sociais da vida humana. Ao pensar em crianças é necessário um olhar mais apurado diante das questões psicológicas, isso se dá em razão da ausência de noção da necessidade ou não de um apoio terapêutico. De acordo com um estudo realizado pela USP em 2020 com sete mil crianças e adolescentes, 1 em 4 sofrem de depressão ou ansiedade.
A dra. Thais Faria Coelho, neurocientista e mestre em educação explica que a frustração é necessária para o desenvolvimento humano, no entanto, vivemos em uma geração de pais que buscam privar cada vez mais as crianças das frustrações. Esse comportamento acaba impedindo o cérebro da criança de criar flexibilidade mental e a lidar com o não, que é tão frequente na vida jovem/adulta.
“É importante desde cedo trabalhar o não justificado, que é a ação de explicar o porquê a criança não pode fazer algo e quando poderá, ir trabalhando o tão comentado fazer por merecer” pontua Thais. Segundo a ciência, toda atitude tomada tem um parecer negativo ou positivo no cérebro humano, esse segundo desperta o circuito da recompensa que aumenta a produção de ocitocina, gaba e dopamina, que é o hormônio da motivação que faz com que fiquemos mais fortalecidos e repetindo ações de sucesso.
O aumento da permissividade dos pais com seus filhos cria o circuito da recompensa reversa, que fará com que o cérebro entenda que fazer birra ou comportamentos semelhantes é positivo.
De acordo com a neurocientista, uma das razões que pode justificar o aumento de crianças e adolescentes com ansiedade, depressão e afins é justamente por não saber lidar com frustrações, pois não aprenderam a gerenciar as emoções. “A procura por terapia e psicólogos está cada vez maior por conta de adultos que não sabem lidar com o não pois tiveram pais muito permissivos” explica.
É importante que os pais trabalhem a maturidade emocional e conscientização dos filhos desde cedo, ensinando que é necessário planejar, saber esperar, fazer por merecer. “O errar por amor é muito comum quando falamos em parentalidade, por isso é importante ter em mente que facilitar a vida do filho não necessariamente irá ajudar”.
A neurocientista explica que uma estratégia para diminuir a permissividade e desenvolver na criança o circuito da recompensa é o quadro do incentivo, “Encontre atividades que despertem o interesse da criança, como andar de bicicleta no parque, e crie um quadro visual de todos os dias da semana, e durante esses dias deverá guardar os brinquedos, ou qualquer outra tarefa, sendo apenas uma na semana, se a criança cumprir com a tarefa todos os dias ela recebe a recompensa, e assim os pais conseguem trabalham a blindagem emocional e mental dos pequenos” finaliza.
Fonte: Thais é Mestre e Doutora em Educação, neurocientista, professora e mãe de 2 filhos. Em 2015 ganhou um prêmio de Melhor Educadora e Melhor Neurocientista. Fundadora do Instituto Thais Faria Coelho, em sua metodologia Thais adaptou a neurociência da medicina para a educação onde desenvolveu um curso de Pós-Graduação em Neurociência Educacional que já formou mais de 2300 alunos. Recentemente recebeu o prêmio Dr. Honoris Causa, o título mais importante concedido pela Universidade, aprovado em sessão do Conselho Universitário. Atribuído a Dra. Thais, por ter se destacado singularmente por sua contribuição à educação no nosso país. Autora de 5 livros. Reabilitadora Cognitiva e Palestrante. Idealizadora do Projeto Vô Di Leitores de Luz.