Como Ajudar as Crianças com Autismo a Lidarem com os Fogos e Comemorações durante a Copa do Mundo

A Copa do Mundo do Catar já começou e a seleção terá seu primeiro jogo nesta quinta, dia 24

E a situação que se repete todos os anos durante o revéillon, quando inúmeros locais resolvem comemorar a chegada do ano novo soltando fogos de artifício com muitas cores e barulho, promete se repetir nos dias de jogos da Seleção, além de outros sons altos como vuvuzelas e cornetas. Assim, o que para muitos pode significar animação e diversão, para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode se tornar momentos de pavor, já que esses indivíduos têm hipersensibilidade da sua visão e da sua audição. 

“A Copa, assim como demais momentos de grande euforia da população, são difíceis para muitas famílias de crianças com autismo. São crises de choro, irritabilidade, medo, agressividade e desregulação que se tornam complicadas. Essas dificuldades da pessoa com TEA acontecem porque um dos critérios diagnósticos do transtorno é a hipersensibilidade sensorial aos estímulos do ambiente. Para algumas pessoas, até mesmo uma buzina do carro pode causar pânico. Outra situação comum que acontece nesse período é as pessoas se juntarem para assistir aos jogos em um ambiente fechado, o que também causa irritabilidade nas pessoas com TEA”, explica a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto. Ela esclarece, ainda, que como os barulhos dos fogos acabam provocando uma sobrecarga nos sentidos das pessoas com TEA, pode acontecer desses indivíduos terem  crises como choros e instabilidade emocional e comportamental.

Pânico

Uma das formas de amenizar o problema é realizar um trabalho integrado com Psicólogos por meio da dessensibilização sistematizada (aproximação devagar aos estímulos externos) e de estimulação sensorial com os Terapeutas Ocupacionais. Esses profissionais devem treinar os pais para contextualizar os estímulos externos que vão aparecer e generalizar para outros ambientes. Mas assim como qualquer terapia, ela demanda tempo para dar os resultados esperados.

Porém, outras ações podem fazer parte da rotina as famílias, independentemente das terapias, que são fundamentais. A seguir, Bárbara pontua outras dicas que podem ajudar a minimizar os efeitos dos barulhos e das luzes dos fogos nesse período da Copa do Mundo:

– Dê previsibilidade à pessoa com TEA, explicando o motivo e o momento em que as pessoas soltam os fogos e vuvuzelas durante os jogos da seleção brasileira;

– Treine uma dessensibilização gradual antes da data – mostre imagens e vídeos de fogos, sons altos e festas de outras Copas e até de festas de Ano Novo. Deixe o vídeo sem áudio e aos poucos, vá aumentando para a criança entender o barulho;

– Use dicas visuais explicando o que vai acontecer, que vai durar um tempo e que depois vai acabar. Explique também o que vocês vão fazer de ação efetiva para minimizar o barulho (dê essa previsibilidade);

– Use fones de ouvido grandes de concha (aqueles que cobrem toda a orelha) para abafar o som externo. Pode-se também deixar a pessoa com TEA ouvindo música ou assistindo a um vídeo preferido;

– Retire a pessoa com TEA das aglomerações para diminuir o risco de outras variáveis que possam incomodar, como abraços, gritos de alegria etc.

“É importante ajudar a criança com TEA a passar com essa data de maneira menos sofrida e que as pessoas ao redor possam colaborar e compreender as necessidades dela. Não minimize o incômodo da pessoa com autismo, valide o sentimento dele e busque ajudar o melhor possível. Faça as técnicas adequadas para apoio e seja empático”, conclui Bárbara Calmeto.

Fonte: Neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto

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