Especialista ajuda a incluir os pequenos no planejamento
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério do Turismo, realizou um estudo acerca dos fluxos de turistas nacionais entre as diferentes regiões do país, que mostrou que o gasto médio em viagens nacionais a passeio, para famílias com renda de meio salário mínimo por membro, foi de R$ 2,4mil por pessoa – incluindo hospedagem de três a cinco dias, alimentação, transporte, compras pessoais e atrativos do local.
Levando em consideração estes valores, para uma família de quatro pessoas, uma viagem como esta sairia em torno de R$ 10 mil. Por isso, com o período de férias escolares se aproximando, os pais começam a pensar em alternativas, para entreter as crianças, que não impactem tanto no orçamento.
Esse é o caso da professora Aline Santana, 39, mãe do Fernando (7 anos) e do Bruno (3 anos), que, embora desejasse viajar com a família, os gastos apontados pela pesquisa estão além de suas possibilidades financeiras. Por isso, organiza atividades divertidas para fazer em conjunto e permitir que um desfrute da companhia do outro. “Em julho, as contas de água e luz sofrem acréscimo, já que ficamos mais em casa. As compras de supermercado também aumentam, afinal as crianças consomem mais guloseimas. Precisamos ter cuidado para não bagunçar demais o orçamento”, conta a mãe.
Além disso, Aline programa piqueniques no parque, passeios pelo bairro e idas ao shopping para lanchar. “Nossa energia sempre acaba primeiro que a deles, então contamos com um tempo de streaming para distraí-los”, diverte-se a professora.
Como a família de Aline, muitas outras vivem essa realidade, então, para ajudar a tornar as férias divertidas sem causar tanto impacto no orçamento, a especialista em desenvolvimento humano e financeiro, Tamirys Machado elencou algumas dicas. Confira:
TETO DE GASTOS O primeiro passo é definir o máximo que se pode gastar durante as férias, evitando dissabores futuros. “O que pesa são as pequenas compras, as despesas ocultas como um sorvete ou um brinquedinho, que esquecemos de computar. Inclua as crianças nesse planejamento, aceite sugestões, explique com paciência e sugira alternativas”, destaca.
PROGRAME-SE Para viagens, vale uma pesquisa com calma em diversos sites, experimentando destinos diferentes e hospedagens com custo mais acessível. Segundo a especialista, os preços variam dependendo do roteiro e algumas cidades oferecem pontos turísticos gratuitos ou a preços populares. “Tudo que é programado com antecedência tem melhores preços e pensar de forma mais estratégica, trabalhando melhor o dinheiro, ajuda a evitar apuros”, conceitua a educadora financeira que complementa: “Turismo de um dia em cidades vizinhas também são econômicos, convidar pessoas para dividir o combustível, tudo é questão de estratégia”.
DEIXE O CARTÃO EM CASA A dica da especialista é direta nesse sentido: Não ande com seu cartão de crédito. “Durante as férias, a tendência é estourar o limite. Sempre que entramos em um período que não é do cotidiano gastamos mais”, esclarece. Passeios ao shopping devem ser planejados, uma vez que oferecem cinema, brinquedos, praça de alimentação e muito mais. “Planeje e informe as crianças onde irão e quanto podem gastar. Desta forma, evita-se o descontrole financeiro de um lado e a frustração da criança de outro”, explica.
LEVE AS CRIANÇAS ÀS COMPRAS Levar as crianças ao supermercado com planejamento, para Tamirys, é um ótimo exercício para introduzir educação financeira na vida da criança e do adolescente. “Quando as crianças vão junto é possível dar a elas uma visão real do que é caro ou barato, as limitações de gastos para o que é essencial e o que é supérfluo. De quebra, ainda aprendem o que são itens de necessidade e itens de desejo, quanto custa comprar aquilo que querem e passam a ter mais consciência”, exemplifica.
ATIVIDADES DE BAIXO CUSTO As crianças se divertem com passeios ao ar livre. “O tempo de qualidade com as crianças independe de situação financeira”, orienta a especialista que sugere passeios no parque com piquenique, playground, jogar bola e brincar de pega-pega. À noite, acampar na sala com barracas improvisadas com lençóis, noite do pijama e filmes, tempo de leitura com livrinhos para imprimir que podem ser encontrados na internet. “Tem uma infinidade de histórias infantis, inclusive com desenhos, ilustrações”, lembra.
Outra sugestão barata é programar passeios culturais como visitas a zoológico, centros culturais, bibliotecas, ou visitar algum parente, como a avó, o tio, onde possa se hospedar gastando pouco. “Mesmo sem sair muito de casa é possível proporcionar boas lembranças aos pequenos. A internet oferece receitas fáceis para fazer com crianças. Leve-os para a cozinha com os amiguinhos, dá para fazer muitas coisas e eles, com certeza, vão se divertir”, comenta.
DESPERTE A IMAGINAÇÃO As crianças são muito inventivas e podem criar suas próprias brincadeiras e jogos com cartolina, caixas de papelão e diversos materiais recicláveis. “Brincar de detetive pelo bairro fotografando plantas, flores, casas com arquitetura antiga, até a fachada de teatros ou museus e outros lugares históricos. Geralmente, as Prefeituras divulgam em seus sites a programação de férias, que sempre tem atividades gratuitas”, conclui a especialista.
Para Tamirys Machado o mais importante é a qualidade do tempo que se passa em família, quer seja em uma atividade ao ar livre ou em viagem. “As crianças querem a presença e a atenção dos pais”, finaliza.
Fonte: Tamirys Machado é especialista em desenvolvimento humano e financeiro, formada em Educação Financeira pelo Instituto Soaper, Analista Comportamental e PNL pelo Instituto IBC. Palestrante e autora da publicação Eu não sou vilão, um dos poucos livros de educação financeira destinados a crianças a partir de 3 anos de idade.