Para educadora, reforçar o comportamento esperado é mais eficaz do que apenas a negativa
Frequentemente, pais se queixam que as crianças não aceitam “não” como resposta. Não é só que elas não queiram aceitar os comandos recebidos: o cérebro infantil têm dificuldades para compreender ordens que iniciam com “não”. Mas, com a linguagem adequada, pode ficar mais fácil se comunicar e estabelecer limites.
A resposta está na neurociência. O córtex pré-frontal é uma região do cérebro que só amadurece na adolescência, e ele tem um papel fundamental para entender o não, principalmente quando utilizado no início de uma frase. Quando a criança escuta “não suba no armário” ou “não jogue isso no chão”, ela registra justamente as palavras de ordem, como “subir” e “jogar”. Isso ativa a ação, justamente o contrário do que os pais pretendiam.
Segundo Maria Cristina Starcke, coordenadora de Educação Infantil do Colégio Marista Pio XII, o “não” é uma palavra que se aprende com a vivência dos fatos. Por isso, deve ser usada sempre acompanhada de uma ação ou a partir da associação de gestos, imagens e contextos. “A criança espera uma justificativa plausível que a faça mudar de ideia, pois querem brincar, interagir no espaço tempo de forma lúdica, desafiadora e prazerosa”, observa.
Na hora de se comunicar com a criança, a educadora recomenda que as palavras de ordem sejam usadas para incentivar ações positivas. É possível, por exemplo, substituir “não suba”, por “desça” e, “não jogue”, por “segure”.
A seguir, confira outras 5 dicas de comunicação positiva para usar na hora de estabelecer limites, mais efetivas que o “não”.
1) Peça o que você quer
Falar de maneira positiva com as crianças significa reforçar o que você gostaria que elas fizessem. Isso coloca atenção no jeito mais correto de agir e é melhor compreendido por elas.
2) Evite banalizar o “não”
Diminuir o número de vezes em que o “não” é dito não significa que você será permissivo, apenas que colocará limites de outro jeito. Ao dizer “não” para tudo, a palavra fica banalizada, e a criança tende a dar menos atenção.
3) Ajude a criança a compreender os seus motivos
A linguagem positiva é mais fácil de entender do que uma simples negativa para um comportamento ou ação. Optar por ordens positivas fará com que a criança compreenda melhor porque não pode fazer determinada coisa: em vez de dizer “não grite”, prefira “fale baixo”, ou então substitua “não suba na escada” por “se subir, vai cair e poderá se machucar”.
4) Faça combinados
Quando a criança pedir um doce, por exemplo, é possível dizer; “mais tarde, após o almoço, você pode comer”. Ou, quando quiser jogar no celular, uma alternativa é sugerir “vamos fazer um combinado? Você brincará com o celular quando finalizar o compromisso”. Assim, não é preciso impor uma proibição, mas se estabelece que existem prioridades que precisam ser cumpridas.
5) Tenha paciência Muitas vezes, os pais falam para a criança não fazer alguma coisa porque estão cansados ou sem tempo para acompanhá-la. Lembre-se de respirar fundo e ter calma nesses momentos, pois dizer “não” a esmo não trará os melhores resultados
Maria Cristina Starcke, Coordenadora de Educação Infantil do Colégio Marista Pio XII.