Conectados e Equilibrados: o Papel da Psicoterapia Infantil na era Digital

Especialista dá dicas práticas e eficazes para responsáveis e psicólogos que lidam com o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes

imagem pixabay

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de 80% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos acessam a internet diariamente. Desses, cerca de 83% utilizam principalmente smartphones para navegar na rede. 

Trata-se de um cenário no qual a juventude brasileira está cada vez mais imersa em tecnologias digitais. E, com isso, os possíveis efeitos adversos que o uso excessivo de telas provoca podem aparecer, necessitando de apoio psicoterapêutico infantojuvenil. 

A psicóloga professora doutora Maria Aparecida Conti, coordenadora da especialização em Psicologia Clínica Infantojuvenil da Universidade Cruzeiro do Sul, diz que essa ajuda é diferente para cada criança e família por conta de suas peculiaridades. Assim, psicoterapeutas geralmente adaptam suas abordagens para atender às necessidades de seus clientes.  

“A chave é uma abordagem integrada que envolve tanto a criança quanto os pais, promovendo hábitos saudáveis e fortalecendo os vínculos familiares. Nesse contexto, podemos citar como técnica os exercícios de Atenção Plena, conhecida por Mindfulness, relaxamento e meditação e técnica lúdica; jogos e atividades terapêuticas podem ajudar a desenvolver habilidades sociais e resolução de problemas”, cita Maria. 

A psicoterapia infantil não apenas oferece suporte emocional e estratégias de manejo do tempo de tela, mas também capacita pais e cuidadores na promoção de um ambiente digital saudável. O psicólogo avalia o grau de dependência da criança, os problemas advindos disso, como a ansiedade e os de sono. E, assim, consegue propor ações para ajudar a criança no gerenciamento do tempo de tela, promovendo a autorregulação e o estabelecimento de limites saudáveis. 

“Sendo assim, a psicoterapia não só aborda os comportamentos relacionados ao uso de telas, mas também trabalha os aspectos emocionais, sociais e familiares que contribuem para esse comportamento, visando reduzir o tempo de tela e promover o desenvolvimento saudável e equilibrado da criança”, assinala. 

Consequências do uso excessivo de telas 

O uso excessivo de telas pode gerar repercussões na dinâmica familiar, por exemplo, com a redução de tempo de convivência familiar com conversas e outras atividades, e no desenvolvimento da criança. “Estudos comprovam que esse uso exacerbado interfere diretamente na capacidade de concentração, criatividade e aprendizado de crianças e adolescentes, como também podem afetar no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, impactando negativamente suas interações interpessoais”, diz. 

Outros impactos negativos são: a fadiga ocular, síndrome do olho seco e miopia; levar a um estilo de vida sedentário, contribuindo para obesidade infantil e problemas de saúde relacionados, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas; dores no pescoço, costas e outras condições musculoesqueléticas. 

Como diminuir o tempo de tela? 

É comum observar os desafios e as dificuldades de muitas famílias para o estabelecimento de limites quanto ao uso de tecnologias digitais, algo feito por meio de regras e combinados na convivência familiar. 

E pensando nos últimos anos, a pandemia da Covid-19 dificultou esses desafios, conforme dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) que indicam um aumento significativo no tempo de exposição às telas para fins educacionais e de entretenimento durante o isolamento social. 

“A transição abrupta para o ensino remoto e a dependência das telas para a comunicação social levaram a um aumento drástico na exposição das crianças e adolescentes às tecnologias digitais”, ressalta a coordenadora. 

Por isso, algumas atividades podem contribuir de forma significativa para melhorar a relação que crianças, adolescentes e pais e mães têm com dispositivos digitais, além de criar memórias, fortalecer as conexões emocionais e modelar comportamentos saudáveis. 

Atividades ao ar livre, como caminhadas e piqueniques, e jogar com os filhos e filhas jogos como esconde-esconde, amarelinha e pega-pega são alguns exemplos. Esportes, por exemplo, futebol, basquete e vôlei, e atividades educativas e criativas, como leitura de livros, jardinagem e desenho, são outras opções destacadas pela professora Maria Conti. 

“A combinação de rotinas saudáveis, limites claros e atividades alternativas pode ajudar significativamente a reduzir a dependência das telas e promover um desenvolvimento mais equilibrado para as crianças. A chave é a consistência e o envolvimento ativo dos pais, criando um ambiente onde as crianças possam explorar diferentes formas de entretenimento e aprendizado de maneira saudável e equilibrada” conclui a especialista. 

Fonte: Universidade Cruzeiro do Sul – Há 50 anos atuando no ensino superior, a Universidade Cruzeiro do Sul possui alunos distribuídos em cursos de Graduação, Pós-graduação lato e stricto sensu, a distância e presencial.

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