A fertilidade pode esperar?
Técnica de congelamento de óvulos por meio da vitrificação aumenta o potencial fértil das mulheres
Adiar a maternidade com segurança já é uma opção para as mulheres brasileiras, que estão cada vez mais utilizando a nova técnica de congelamento de óvulos. A vantagem desse procedimento é proporcionar a manutenção do futuro reprodutivo, visto que após os 35 anos a qualidade dos óvulos diminui naturalmente, o que acaba gerando certa dificuldade no momento de engravidar. A técnica resolve o problema das mulheres que deixam para engravidar mais tarde, devido às questões profissionais ou por não encontrarem um parceiro e até por se submeterem a tratamentos que podem afetar a fertilidade. Vale lembrar que a idade avançada é uma das principais causas de infertilidade feminina.
De acordo com Marcello Valle, médico da UFRJ, especialista em Reprodução Humana pela Universidade de Paris e diretor da Clínica Origen (RJ), a técnica de congelamento de óvulos por meio da vitrificação é o método de preservação mais promissor para ser utilizado por mulheres que desejam ou precisam preservar sua fertilidade. “É uma solução tanto para aquelas que querem adiar a gravidez – situação muitas vezes exigida pelo momento profissional; como para as que, por algum motivo, são obrigadas a retirar o ovário ou se submeter a tratamentos que podem afetar a capacidade reprodutiva, como a quimioterapia”, afirma.
Através da vitrificação, um embrião passa de 37ºC a -196ºC em poucos minutos, e as características dos óvulos, mesmo após o descongelamento, são preservadas. No processo anterior, conhecido como slow freezing, a temperatura demorava entre 120 e 180 minutos para cair até os 196 graus negativos. “Durante a vitrificação, crioprotetores penetram a membrana da célula e formam rapidamente elos hidrogenados com a água, evitando a formação de cristais de gelo, o que poderia danificar as estruturas internas”, explica.
Segundo o especialista, a técnica aumenta o número de gestações em um único ciclo de tratamento, e com isso torna também maior a possibilidade de gravidez com apenas um procedimento de fertilização in vitro. “A taxa de sucesso com óvulos vitrificados é bem próxima à porcentagem de casos feitos com embriões frescos. São 40% contra 47%. No entanto, é preciso frisar que se trata de uma técnica que ainda possui caráter experimental”, diz.
Para o médico, o ideal é que os óvulos sejam congelados até que a mulher complete 38 anos, pois a partir desta idade, eles caem tanto de quantidade quanto de qualidade. O procedimento só pode ser feito em clínicas especializadas de reprodução humana e custa, em média, R$ 2.000, com taxa de manutenção a cada seis meses de aproximadamente R$ 400.