Óvulos congelados garantem o direito da mulher com câncer de ser mãe após o tratamento
Pacientes que deverão ser submetidas à quimioterapia ou radioterapia podem ter problemas irreversíveis nos óvulos. A retirada e o congelamento do mesmo antes do tratamento preservará a fertilidade. Com o término do tratamento o óvulo poderá ser fertilizado em laboratório e o embrião implantado no útero tornando possível o sonho de ser mãe.
O congelamento de óvulos é uma alternativa que existe há algum tempo, mas os resultados positivos, que eram baixos, começaram a melhorar nos últimos anos.
Segundo o especialista em reprodução humana, Arnaldo Cambiaghi, a utilização desta técnica deve ser restrita a casos específicos e não deve ser utilizado deliberadamente. “As indicações mais importantes são nos tratamentos oncológicos, na preservação da fertilidade, em mulheres com histórico familiar de menopausa precoce e em fertilização “in vitro” com excesso de óvulos, pois evita o descarte de embriões excedentes”, diz o médico.
Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce poderão congelar seus óvulos preventivamente. Na época que desejarem ter filhos, caso seu ovário não esteja funcionando adequadamente, elas poderão utilizar os óvulos coletados na época e que foram congelados anteriormente. Após os 35 anos a fertilidade feminina diminui. Preocupadas em preservá-la as mulheres que desejam futuramente ter filhos, mas ainda não encontraram o pai ideal para eles, podem passar por um processo de estímulo ovariano. “Os óvulos são retirados e congelados. Quando desejarem ter filhos caso seus óvulos já estejam envelhecidos pela idade, os congelados poderão ser utilizados. Sendo eles fertilizados e os embriões implantados no útero”, explica Cambiaghi.
No caso da fertilização “in vitro”, algumas vezes, pode haver o excesso de óvulos que formam vários embriões. Como apenas uma parte deles são transferidos na futura mamãe outros deverão ser congelados. Caso ocorra gestação e o casal não quiser mais ter filhos haverá problemas éticos, pois embriões são considerados seres vivos e não podem ser descartados. O congelamento de óvulos resolve este problema, pois óvulos são células, não são seres vivos e podem ser descartados. Se não for realizado o congelamento de óvulos, a única alternativa, caso o casal aceite, é a doação de embriões para outro casal ou pesquisa para células-tronco.
Existem diversas vantagens em congelar óvulos e não embriões, a principal está relacionada a questões éticas e religiosas. Por se tratar de uma célula reprodutiva, não constitui uma vida futura, como o embrião (que foi fertilizado com o semem), podendo ser descartado sem nenhum problema ou doado caso a mulher decida não utilizá-los. Outra vantagem é que o embrião depois de fertilizado para ser implantado precisa da autorização do homem que o fertilizou, já a célula não.