Como os pés não estão 100% formados, a preocupação nos primeiros anos, é exagerada.
Até os quatro primeiros anos de vida é normal que as crianças apresentem pé plano, popularmente conhecido como “pé chato”, o que se torna uma grande preocupação para os pais. Mas segundo o ortopedista Thiago Righetto, essa situação é frequente e pode ser considerada uma das mais inocentes ao longo do crescimento da criança.
Para isso é importante entender o que é o pé plano e quais as consequências dele no crescimento. Como o próprio nome diz, o pé plano é quando a sola do pé é reta, plana, fazendo com que a planta do pé encoste por completo sobre o chão. “A grande preocupação dos pais acontece porque nos primeiros meses de vida, quando toda criança aparenta ter o pé plano devido ao acúmulo de gordura que acaba escondendo a curvatura e após os primeiros passos os joelhos mais afastados associados a frouxidão ligamentar tornam a deformidade mais evidente. Com o passar do tempo a coordenação motora melhora, os joelhos começam a alinhar e a curvatura do pé vai surgindo” – explica Thiago Righetto, ortopedista e médico do esporte.
O formato do pé influência diretamente na pisada e é o arco do pé que amortece a pressão ao andar, saltar, correr e principalmente durante a infância, as crianças com pé plano podem desenvolver mais tendinoses após grandes esforços, além de desconforto nos tornozelos, joelhos e quadris, por exemplo. Por isso é importante acompanhar o desenhar da sola do pé durante o crescimento. E quando procurar o ortopedista? Nos casos em que o arco de um pé é visivelmente diferente do outro, paciente apresentar dor frequente e nas deformidades muito acentuadas (comparando as crianças da mesma idade).
Em casos mais graves é necessário investigar se o pé plano não é causado por doença e em alguns casos, como nas barras tarsais, é necessário o tratamento cirúrgico. Palmilha corretiva só é indicada no pé chato não causado por nenhum doença (fisiológico) com dor associada e dificilmente é indicado o uso de órtese ortopédica. O fator genético conta muito, portanto se um dos pais apresenta pé plano, provavelmente o da criança é fisiológico e não necessita tratamento algum. A grande maioria não é causado por uma doença e pode levar somente a tendinoses, principalmente após os esforços.
Para auxiliar na formação do arco do pé, o especialista indica deixar a criança andar descalça ou com um sapato de sola mais fina a maior parte do tempo possível e a prática esportiva como karatê, ballet e ginástica olímpica. A falta de curvatura na idade adulta mesmo após o tratamento conservador geralmente ocorre por uma predisposição familiar ou hiperfrouxidão ligamentar. O ideal é que esse paciente sempre faça exercícios de alongamento e fortalecimento para os tornozelos e pés e utilize em alguns períodos do dia um calçado com solado mais fino, duro, ou pratique atividades físicas descalço como tênis de praia, futevôlei ou futebol de areia. Treinos curtos de corrida podem ser feitos com calçado com a sola mais fina (tênis minimalista) e para ajudar na prevenção das tendinoses deve ser feito exercícios que envolvam salto. Tênis para correção de pisada tem indicação somente nos casos mais graves.” – pontua.
Dr. Thiago Righetto (CRM:125.722), médico ortopedista com especialização em traumatologia do esporte e cirurgia do joelho; atua também na área de Medicina de Áreas Remotas e já foi médico pelo Comitê Paralímpico Brasileiro na Paralimpíada do Brasil em 2016 e da seleção de judô paralímpica no 5th IBSA World Games (Seul – Coreia do Sul) em 2015, sendo o médico responsável por essa seleção de 2014 a 2018. É membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; é também diretor da Associação Brasileira de Medicina de Áreas Remotas e Esportes de Aventura; e membro das internacionais ISAKOS, AAOS e AMSSM. Atua em consultório particular. Saiba mais sobre o profissional em:www.drthiagorighetto.com.br