Geneticista do Instituto Jô Clemente, antiga APAE DE SÃO PAULO, faz alerta sobre síndrome alcoólica fetal, que pode prejudicar o desenvolvimento do bebê
A deficiência intelectual é uma condição que afeta a função cognitiva do indivíduo. De forma simples, atividades da vida diária que são consideradas ‘banais’ pela maior parte das pessoas são mais difíceis para quem tem deficiência intelectual. De maneira geral, os primeiros sintomas de atraso cognitivo costumam ser observados na escola, quando a criança tem por volta de seis anos de idade e apresenta dificuldades para aprender a ler e escrever. Em casa, a criança não desenvolve com facilidade atividades simples, como amarrar os sapatos, tomar banho sozinho e ajudar nas tarefas do lar. O diagnóstico da deficiência intelectual é feito a partir do teste psicométrico ou avaliação neuropsicológica, por meio de testes de QI.
De acordo com o médico geneticista Caio Bruzaca, do Ambulatório de Diagnósticos do Instituto Jô Clemente, antiga APAE DE SÃO PAULO, muitos são os fatores que podem levar à deficiência intelectual ou a algum atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, a começar por aspectos genéticos, que podem ser identificados em testes feitos por casais que nunca tiveram filhos e desejam fazer um aconselhamento genético pré-concepcional. Segundo ele, porém, “além da predisposição genética, há fatores externos e um deles é o consumo de bebidas alcoólicas. O álcool na gravidez pode levar à síndrome alcoólica fetal, que pode provocar problemas físicos, comportamentais e de aprendizado na criança”, explica.
“O álcool compromete o fluxo sanguíneo para a placenta e impregna o líquido amniótico com a substância. O feto, por estar em desenvolvimento, ainda tem um metabolismo e um sistema de intoxicação mais lentos, o que prejudica o desenvolvimento da criança, tanto cerebral quando físico”, alerta o médico. “Vale ressaltar que desde 1973, a síndrome alcoólica fetal é considerada uma condição irreversível, porque além do atraso neuropsicomotor, pode causar anomalias cranofaciais, deficiência de crescimento, alterações neurológicas e comportamentais, malformações e doenças associadas ao coração, rins e coluna vertebral”, explica.
Atualmente, com o objetivo de prevenir e diagnosticar precocemente a deficiência intelectual ou outros quadros que possam comprometer a saúde e o desenvolvimento da criança, é realizado o Teste do Pezinho. Por meio do exame, é possível identificar condições graves que merecem atenção imediata de uma equipe multidisciplinar. Entretanto, ainda de acordo com o médico, muitos dos diagnósticos positivos podem ser evitados com cuidados antes e durante a gestação. “Nossa recomendação é que os pais conversem com o médico antes e durante a gravidez, façam todos os exames necessários e realizem o Teste do Pezinho na criança logo após as 48 primeiras horas de vida. Quanto mais precoce for qualquer tipo de diagnóstico, mais chances a criança terá de se desenvolver com qualidade de vida”, finaliza.
Sobre o Instituto Jô Clemente
O Instituto Jô Clemente é uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que há mais de 58 anos previne e promove a saúde das pessoas com deficiência intelectual, além de apoiar a sua inclusão social e a defesa de seus direitos, produzindo e disseminando conhecimento. Atua desde o nascimento ao processo de envelhecimento, propiciando o desenvolvimento de habilidades e potencialidades que favoreçam a escolaridade e o emprego apoiado, além de oferecer assessoria jurídica às famílias acerca dos direitos das pessoas com deficiência intelectual.
Pioneiro no Teste do Pezinho no Brasil e credenciado pelo Ministério da Saúde como Serviço de Referência em Triagem Neonatal, o Laboratório do Instituto Jô Clemente é o maior do Brasil em número de exames realizados. Por meio do CEPI – Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Jô Clemente, a Organização gera e dissemina conhecimento científico sobre deficiência intelectual com pesquisas e cursos de formação.
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