Ele já é um velho conhecido: a família coronavírus foi descoberta na década de 1960 e é sabido que causa infecções respiratórias em seres humanos e animais. Neste ano, uma nova pandemia se iniciou na China com uma mutação desse vírus e causou doenças respiratórias de diferentes intensidades. As leves, parecidas com um resfriado comum, foram tratadas prontamente. As moderadas e graves, que dão origem a pneumonia, levaram algumas pessoas ao óbito.
Em um mundo altamente globalizado, já era esperado que o coronavírus transporia as fronteiras geográficas e se espalharia pelo mundo. No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia e disse esperar por novos casos em nações que ainda não registraram a doença – batizada de Covid-19 – e novas mortes causadas pela doença.
A notícia trouxe pânico a muita gente. Para acalmar pais e cuidadores, a médica pediatra Dra. Thais Bustamante, da Sociedade Brasileira de Pediatria, conta que os estudos realizados nos últimos três meses já apontavam que a maioria dos casos são de pessoas entre 30 e 79 anos. Somente 0,9% dos registros da doença foram em menores de 9 anos.
“Ainda não está claro porque as crianças são menos afetadas pelo coronavírus, mas sabemos que elas, mesmo assintomáticas, podem transmitir o Covid-19”, diz Dra. Thais. Algumas teorias foram desenvolvidas do porquê a turminha é menos propensa à infecção, como o fato de suas células imunológicas ainda serem imaturas e o contato com outras crianças em creches e escolas favorecer o contato constante com vírus variados, aumentando a resposta do organismo a qualquer contaminação.
“Já sabemos a maneira de transmissão e prevenção da infecção por Covid-19 e isso já é bem importante para evitar a doença. Mesmo as crianças podem ser informadas para poderem se proteger de uma transmissão”, diz a médica.
A pediatra conta que o primeiro passo é desmitificar, não aceitar e nem propagar fake News, pois elas podem desestabilizar e amedrontar as crianças. “Os menores de 7 anos ainda fantasiam muito e podem não conseguir exteriorizar os pensamentos. Se eles só ouvem os adultos falando sobre o coronavírus sem serem envolvidos no diálogo, podem desenvolver um medo tão grande que atrapalha até a prevenção”, ensina a médica.
As crianças com mais de 7 anos conseguem entender melhor a necessidade de prevenção e cabe aos pais, professores e cuidadores conversar e explicar a eles a necessidade de adotarem medidas preventivas, como lavar as mãos, evitar coçar olhos ou nariz antes de higienizar as mãos, cobrir boca e nariz ao tossir e espirrar etc.
“Não é preciso pânico. Ao adotar as indicações de higiene, sairemos dessa pandemia sem grandes prejuízos. Só depende de nós”, conclui a pediatra.
Dra. Thais Bustamante Pediatra e Neonatologista
Pediatra e Neonatologista pela UNESP
Mestre em Cirurgia Pediátrica UNESP
Pós Graduada em Nutrição Pediatrica pela Boston Medicine University