Crianças Podem Usar Lentes de Contato?

Setembro Safira reforça a importância da educação e conscientização sobre o uso das lentes de contato

Estamos no Setembro Safira, mês eleito para debater o uso correto das lentes de contato. O tema é muito importante na medida em que muitos problemas podem surgir quando o usuário não segue as recomendações do oftalmologista no que diz respeito à higiene, tempo de uso e outros aspectos relacionados às lentes corretivas.  
Uma das dúvidas mais comuns é se existe contraindicação das lentes de contato para crianças e adolescentes. A princípio, crianças maiores de 10 anos e adolescentes podem usá-las. Contudo, é preciso muita cautela.
 
De acordo com a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, a prescrição de lentes de contato para crianças e adolescentes é uma decisão que deve ser tomada pelo médico junto aos pais. “O uso de lentes de contato não é isento de riscos. Pelo contrário, exige comprometimento com as recomendações do oftalmologista para o uso responsável nesse público”.
 
Um estudo publicado no periódico Pediatrics, apontou que 20% das crianças que passam por consultas de urgência anualmente nos Estados Unidos apresentam complicações relacionadas às lentes de contato. 

 
Lentes de contato podem causar lesões na córnea
 
A principal preocupação quando se fala em lentes de contato é a córnea,  camada externa do olho essencial para a visão. 

“A pior consequência do mau uso das lentes de contato é a ceratite, inflamação grave da córnea. Quando não tratada ou tardiamente diagnosticada, pode causar danos irreversíveis na visão”, aponta Dra. Marcela.

A falta ou a má higiene das lentes de contato somada ao tempo prolongado de uso são fatores que aumentam de forma considerável o risco da ceratite.
 
“A ceratite pode ser causada por bactérias, fungos, vírus e pela Acanthamoeba, sendo muito comum em usuários de lentes de contato. Normalmente, esses micro-organismos aderem às lentes por má limpeza ou em contato com águas contaminadas de piscinas, lagos, rios e até mesmo na água encanada, dependendo da localidade”, diz a médica.
 
Autonomia

Um dos principais critérios para prescrição de lentes de contato em crianças é o quanto essa criança é independente e o quanto ela consegue assumir a responsabilidade necessária para usar lentes no  lugar dos óculos.

“O oftalmologista precisa considerar a capacidade de autonomia da criança em colocar e remover as lentes. Além disso, é necessário que a criança compreenda a importância de higienizar corretamente as lentes e que respeite o tempo de uso”, aponta a médica. 
 
“Naturalmente, é mandatório que os pais supervisionem o uso das lentes de contato em crianças e adolescentes. Quanto a idade, dependendo da maturidade da criança, podemos trocar os óculos pelas lentes de contato a partir dos 10 anos”, explica Dra. Marcela.
 
“Além de todos os cuidados com a colocação e limpeza, crianças que usam lentes de contato precisam ir ao oftalmopediatra com mais frequência para avaliar possíveis alterações e lesões oculares causadas pelas lentes”, alerta a especialista.
 
Por fim, a decisão de prescrever lentes de contato para o público infantojuvenil deve ser baseada na necessidade funcional e não somente na estética.
 
Há benefícios?
 
Apesar de todos os cuidados e restrições, as lentes de contato podem trazer benefícios como a oportunidade de praticar alguns esportes, melhorar a autoestima e até a acuidade visual, dependendo do tipo de problema ocular que a criança apresenta.
 
“Em muitos casos as lentes de contato são usadas para doenças que demandam esse tipo de dispositivo como catarata congênita, irregularidades na córnea, ceratocone, estrabismos e anisometropia (grande diferença de grau entre os dois olhos)”, aponta Dra. Marcela.
 
Quando se preocupar
 
A partir do momento em que a criança começa a usar lentes de contato, os pais precisam ficar atentos a possíveis sinais e sintomas oculares que podem indicar uma possível inflamação ou lesão na córnea. Também é comum que algumas crianças desenvolvam alergias e irritação nos olhos.
 
Sinais de Alerta
 

  • Ardência ocular
  • Coceira
  • Vermelhidão
  • Sensação de areia nos olhos
  • Lacrimejamento em excesso
  • Visão embaçada
  • Dor nos olhos
  • Acúmulo de secreção

No caso de a criança apresentar qualquer um desses sintomas, os pais devem procurar o oftalmopediatra para avaliação.

Fonte: oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira

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