Cuidados com a visão do bebê e da criança
Exames oftalmológicos devem ser realizados desde o nascimento
O exame rotineiro dos olhos no consultório do médico oftalmologista é muito importante para a preservação de uma boa visão, e isso deve ocorrer em todas as idades. Diagnósticos precoces de doenças oculares podem ser feitos ainda na gestação, podendo assim evitar futuros problemas de visão e até mesmo a cegueira.
A futura mãe, durante a gravidez, deve procurar seguir corretamente os exames do pré-natal, na pesquisa de possíveis doenças como a rubéola e a toxoplasmose, entre outras que, se não diagnosticadas e tratadas neste período, podem levar a sérios problemas visuais na criança.
Após o nascimento, apesar do acompanhamento com o pediatra, muitas doenças oculares da infância podem passar despercebidas. Assim, devemos estar atentos a sintomas oculares como: diferenças de cor entre os olhos do bebê, secreção, persistência de lacrimejamento constante após os dois anos de idade ou qualquer outro sinal que parecer estranho. Assim, mesmo que aparentemente os olhos estejam normais, o oftalmologista deve ser consultado para uma boa visualização do fundo de olho e suas demais porções.
Os recém-nascidos observam tudo ao seu redor, no entanto, de forma muito pouco clara. Nas duas primeiras semanas de vida, sua capacidade visual limita-se a uma visão de claro e escuro. O desenvolvimento da visão de uma criança realiza-se de forma muito rápida no primeiro ano de vida; o desenvolvimento rigoroso da acuidade visual ocorre durante todo o período pré-escolar.
A total visão do bebê e das crianças pequenas apenas se desenvolve com o tempo, através de um exercício constante. Até os três anos, o cérebro não está ainda totalmente desenvolvido, de modo que o desenvolvimento da visão ainda é flexível, mas de 5 a 7 anos de idade é que este desenvolvimento termina.
Os defeitos dos olhos e da visão, que até essa altura não haviam sido detectados, ficam mais difíceis de corrigir e o tratamento é freqüentemente, mais dispendioso do que em bebê ou numa idade mais precoce.
O primeiro exame oftalmológico deve ser realizado quando a criança tem uma idade de aproximadamente dois anos, caso não se tenha anteriormente verificado quaisquer outros indícios. Um diagnóstico precoce de doenças ou defeitos de visão, efetuado por um oftalmologista, poderá evitar deficiências para toda a vida.
Existe uma propensão especial para o desenvolvimento de deficiências visuais e estrabismo no caso de bebês prematuros, crianças cujos pais ou irmãos vêem muito mal ou são estrábicos, crianças com atrasos de desenvolvimento e, naturalmente, crianças provenientes de famílias com doenças hereditárias dos olhos. Nestes casos, um exame oftalmológico deverá realizar-se forçosamente antes do segundo ano de idade, precisamente, entre os seis e os doze meses.
Existem vários testes de visão que podem ser aplicados tanto em bebês quanto em crianças, o importante é os pais não adiarem a visita entre a criança e o oftalmologista, e não deixarem de repeti-la anualmente, pois uma criança que, na idade pré-escolar, tenha sido considerada por um oftalmologista como vendo bem pode, no entanto, desenvolver posteriormente erros de refração, como, por exemplo: miopia, hipermetropia e astigmatismo, que tornam uma correção necessária.
Os pais, em colaboração com os professores, devem estar sempre atentos, durante o período em que as crianças aprendem a ler e a escrever. As dificuldades de aprendizagem não significam forçosamente que uma criança tenha deficiências de aprendizagem, mas podem constituir também um indício de que a criança simplesmente enxerga mal.
Nessa idade, dificilmente os pais ou a própria criança percebem possíveis déficits visuais e a falta de correção nesse período pode levar a uma baixa visão de forma permanente: a Ambliopia. Assim, o exame de vista para todas as crianças dessa idade torna-se de extrema importância, porque o médico irá avaliar a necessidade do uso de óculos, as possíveis alterações na movimentação e posição dos olhos (os chamados estrabismos) ou quaisquer outras causas que possam causar a ambliopia, tratando-se corretamente e em tempo certo.
Já na puberdade, é essencial a revisão anual ao consultório para a conferência de possíveis mudanças no grau dos óculos e a realização de exames mais específicos, como a topografia computadorizada que, além de avaliar todo o relevo da córnea, detecta doenças como o ceratocone, onde uma alteração da curvatura causa grande prejuízo à visão. Além do mais, a topografia auxilia ao oftalmologista na perfeita adaptação das lentes de contato, que visam melhorar a vida social dos pacientes pelo fator estético e ainda permitem normalmente a realização de esportes para estes jovens.
A tonometria avalia a pressão dos olhos (que é diferente da pressão do sangue) que, se aumentada e não controlada, pode causar o glaucoma: uma doença que não tem sintomas.
Assim, somente com o exame oftalmológico rotineiro, independente de idade ou presença de sintomas, poderemos preservar da maneira mais saudável nossa tão valiosa visão por toda a vida.
Dra. Regina Cele, Mestre em Administração Oftalmológica pela UNIFESP – Escola Paulista e Medicina, chefe do setor de glaucoma congênito da Universidade Federal de São Paulo – EPM, Chefe do setor de glaucoma do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos, chefe do setor de glaucoma do Hospital Monumento, Membro Científico da ABRAG(Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma Amigos e Familiares)