Os pais buscam inspiração na geração anterior mais próxima, que é a dos seus próprios pais para educar os seus filhos. Mas algumas coisas mudam.
Qual o pai que um dia não pensou desta maneira? “Ah! Seria tão bom se existisse um manual completo que ensinasse e orientasse como ser pai em todas as etapas de vida dos filhos!
Imaginemos, então, o título: “Manual de Instruções para ser Pai “.
Na capa, estaria escrito: “leia antes do nascimento do seu filho e consulte sempre que tiver dúvidas”.
A seguir, viriam os itens ligados à descrição das características, funções básicas, como manejar e como lidar com possíveis problemas, suas causas prováveis e soluções. Enfim , um manual que desse cobertura a todas as dúvidas do pai.
Mas não é bem esta a realidade e, por mais que existam conselhos bem intencionados das pessoas próximas, livros, artigos e uma infinidade de recursos onde buscar ajuda, a grande verdade é que, na hora “H” de exercer a paternidade, muitos pais ficam paralisados e sem saber como agir. Nesta hora de fundamental importância, a posição de pai deixa um espaço vazio, no qual qualquer um pode entrar.
Todos sabem que cabe à paternidade uma parcela da responsabilidade em cuidar, educar, proteger e preparar seus filhos para o ingresso na sociedade. Quanto mais dedicação, maiores e melhores serão os resultados no que diz respeito às condições de bem estar físico, mental e social dos novos cidadãos que estão se formando. Não há outro jeito. Trata-se de um processo relacional de crescimento e amadurecimento ímpar na vida. O pai irá aprender a ser pai com seus filhos e os filhos irão aprender a ser filhos com seu pai. Uma relação de ida e volta, um e outros ensinando e aprendendo.
Na verdade, podemos dizer que todos os pais, com certeza, buscam inspiração na geração anterior mais próxima, que é a dos seus próprios pais. Este é o modelo que está mais à mão; afinal de contas, o novo pai já vivenciou como filho a experiência.
No entanto, aí se encontra um perigo: a experiência que ele viveu foi “como filho”, perceberam? Ele não poderá esquecer-se de que passou uma geração, mudou o contexto, mudaram as pessoas e que a situação atual é novíssima e diferente. Se esquecer, poderá cair na tendência de repetir tudo igualzinho ao que seu pai fez, ou então, voltar-se para o outro extremo de maneira radical. O grande e difícil desafio é atualizar esse modelo para os dias atuais e incrementá-lo com uma boa dose de criatividade.
Encontramos um exemplo a esse respeito ao observarmos três gerações passadas nos últimos cinqüenta anos, considerando, é claro, as mudanças ocorridas na sociedade.
O pai dos anos 50 / 60 era quem provia o sustento da família, “dava as ordens” e era pouco afetivo (isto ficava para a mãe, que era a cuidadora da família). A geração que se formou nesse tempo, em função de sua experiências, criticou este modelo de pai. Sentiu-se reprimida.
O pai dos anos 70 / 80, com a melhor das intenções, educou seus filhos de maneira diferente, mas não deixou de estar no outro extremo: expressou afetividade pelos filhos, deu-lhes amor incondicional e liberdade total para exercitarem suas emoções, limites e potencialidades. A geração que se formou nesse tempo sentiu dificuldades para se adaptar às leis e normas da sociedade.
E agora, a geração de pais dos anos 90 / 2000 encontra-se diante de uma nova demanda, que é enfrentar o grande desafio de ser objetivo e claro, ao ditar regras e condutas e saber dar limites. E mais ainda: de aproveitar o que há de melhor nesses dois modelos das gerações passadas de seu pai e avô, entendendo que a frustração, a raiva, o ódio, a disputa e a privação fazem parte do aprendizado de uma criança, tanto quanto o amor, a proteção, o carinho, a confiança e o afeto que ele deve receber dos pais.
Se nos perguntarem qual o recurso mais precioso, no que diz respeito à paternidade, que um pai pode encontrar fora da experiência de relacionamento com seu filho, diremos que ele existe e está próximo e disponível para ser revelado. E que revelação!!! Não basta apenas buscar inspiração : é preciso ir mais longe e encontrar outras explicações.
Trata-se de um encontro de gerações de pais, desde o bisavô (nas famílias que têm esta felicidade), até (e por que não?) os filhos que ainda estão longe de serem pais, mas o são em potencial, para trocarem e revelarem experiências e sentimentos vividos na relação pai / filho. Meio parecido com uma reunião do “clube do bolinha”, mas só de pais e filhos.
É o que recomendamos a todos vocês, pais e filhos. Experimentem! Promovam este encontro, nem que seja por alguns minutos, mas conversem sobre as mais variadas situações da paternidade, indaguem como foram vividas, quais as certezas e incertezas, as dificuldades, quem mais ajudou, quem mais atrapalhou, como fizeram, o que deixaram de fazer, o que teriam feito diferente, como buscaram ajuda e como resolveram. Chorem, riam, descubram a identificação que os une e deliciem-se em tornar este, um encontro mágico.