E é pior em mulheres com SOP, doença relacionada à infertilidade
Além disso, baixos níveis de Vitamina D aumentam a dificuldade de concepção para mulheres com a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e, para homens e mulheres, interferem nos resultados da fertilização in vitro (FIV). Deficiência ainda está ligada a complicações na gravidez
A vitamina D é muito lembrada por seu papel no sistema imunológico, mas ela é essencial para casais que desejam engravidar, já que sua insuficiência pode estar relacionada à infertilidade e a doenças que diminuem a chance de concepção. “A deficiência de Vitamina D é comum em condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma doença que afeta em média de 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva e figura entre as principais causas de infertilidade. Mas, por si só, a Vitamina D, quando está em níveis baixos, diminuem as chances de concepção e afetam negativamente os resultados da fertilização in vitro (FIV), segundo estudos”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. O médico cita o estudo de revisão Effects of Vitamin D on Fertility, Pregnancy and Polycystic Ovary Syndrome – A Review, publicado na Nutrients, para reforçar a importância de dosar esse hormônio.
A Vitamina D, também conhecida como calcitriol, é um hormônio esteroide fundamental para o equilíbrio de diferentes órgãos, já que controla mais de 3.000 genes e tem mais de 80 funções no organismo. Segundo o especialista, existem diversas razões para apontar a deficiência de Vitamina D como uma das vilãs da fertilidade. “Há receptores de vitamina D presentes nos órgãos, tecidos e células reprodutivas centrais e periféricas, em homens e mulheres”, diz o especialista. “Sabemos que mulheres com baixos níveis de vitamina D podem ter menor probabilidade de ter filhos após a tecnologia de reprodução assistida do que aquelas com níveis normais de vitamina D”, explica o médico. “Estudos já identificaram que um nível abaixo do recomendado (30 ng/ml) em mulheres pode interferir nas tentativas de concepção de um filho. As mulheres que estavam acima desse nível tinham 10% mais chances de engravidar e um risco 15% menor de aborto espontâneo. Existe um papel importante também dessa vitamina na fertilidade masculina, uma vez que ela atua nos testículos para auxiliar a manutenção da sobrevivência e das funcionalidades dos espermatozoides maduros, ao passo que sua deficiência está relacionada à diminuição da fertilidade masculina. Nesse sentido, a Vitamina D é de suma importância no planejamento da gravidez”, acrescenta o médico. A própria atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na concepção. “Isso pode evitar que a gestante rejeite a implantação do embrião, tanto na fertilização in vitro ou na gravidez espontânea”, explica o médico Dr. Rodrigo Rosa. Segundo o estudo de revisão, o nível de vitamina D influencia os resultados da fertilização in vitro independentemente da idade, índice de massa corporal, etnia e número de transferências de embriões.
Com relação à SOP, o médico explica que a síndrome é um distúrbio hormonal complexo relacionado à resistência à insulina, obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, câncer de endométrio e infertilidade. “Ela interfere na capacidade de concepção, pois afeta a ovulação; e, como consequência desse distúrbio hormonal da SOP, também há aumento dos hormônios masculinos. Das mulheres com SOP, 75% apresentam infertilidade”, acrescenta o médico. A síndrome é frequentemente acompanhada por deficiência de vitamina D, que ocorre em até 85% dos casos. “E dado que esse hormônio também tem relação com a fertilidade, é necessário também olhar para os níveis de Vitamina D. Os indicadores de fertilidade e fertilização in vitro são melhorados pela vitamina D, não apenas em mulheres saudáveis, mas naquelas com diagnóstico de SOP também”, destaca o médico.
A deficiência de vitamina D é frequente na maioria dos países e é considerada um problema de saúde no mundo inteiro. Produzida pela pele em resposta à exposição solar, ela até pode ser encontrada em alimentos como peixes gordurosos (salmão), ovos e laticínios. “Mas o papel da alimentação é pequeno. O sol é responsável por 80 a 90% da conversão da vitamina do organismo. Pessoas com carência dessa vitamina precisam de orientação médica para suplementação”, enfatiza o Dr. Rodrigo Rosa.
E até quem conseguiu engravidar pode não estar imune aos problemas relacionados aos baixos níveis de Vitamina D e/ou diagnóstico de SOP. “Tanto a deficiência de Vitamina D quanto a SOP aumentam as complicações relacionadas à gravidez. A suplementação para chegar aos níveis ideais de vitamina D diminuem o risco materno e fetal de complicações e eventos adversos”, explica o médico. Durante a gestação, níveis baixos desse hormônio aumentam a incidência de problemas como: diabetes gestacional, pré-eclâmpsia (pressão arterial elevada) e parto prematuro. “No caso do diabetes gestacional, ele acontece principalmente depois de 24 semanas, quando a placenta produz hormônios que são hiperglicemiantes. E esse aumento de glicemia fisiológica se não for contrabalanceada com uma qualidade de estilo de vida favorável, com exercícios físicos, dieta equilibrada rica em frutas, gorduras boas, vegetais, essa paciente pode desenvolver o diabetes gestacional e levar a complicações para o bebê”, afirma o especialista. Para evitar a carência da substância, o recomendado é tomar 15 minutos de sol por dia: “Não é necessário expor o corpo todo sem proteção. O rosto deve estar sempre com fotoprotetor e você pode expor o antebraço nesse período”, afirma o Dr. Rodrigo Rosa.
Com relação à suplementação nesse período, o ideal é consultar um médico. A suplementação indiscriminada de vitamina D não é recomendada, pois, em excesso, pode gerar efeitos tóxicos (até insuficiência renal nos casos graves). “Caso você acredite que seus níveis de Vitamina D estão abaixo do recomendado, consulte um médico, que poderá constatar ou não essa deficiência e a causa do problema para prescrever a suplementação adequada de acordo com suas características. No caso de casais tentantes, o médico especialista pedirá exames e, se for necessário, indicará suplementos para aumentar os níveis dessa vitamina”, finaliza o Dr. Rodrigo.
Fonte: DR. RODRIGO ROSA – Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa