Quais são os sintomas e fatores de risco que podem levar as gestantes e puérperas a desenvolver a doença?
Para a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra, é imprescindível que a mulher seja observada durante toda a gestação, especialmente por seus familiares e/ou rede de apoio, porque a depressão pós-parto está fortemente ligada a situações vividas antes de o bebê nascer.
Depressão pós-parto é uma doença séria. Segundo a Fiocruz, o problema atinge uma em cada quatro mulheres no puerpério (25% das gestantes), número bastante alto.
Diferente do chamado ‘baby blues’, estado de melancolia que algumas puérperas enfrentam por poucos dias depois do nascimento do bebê, causado pelas alterações hormonais, mas de sintomas passageiros, a depressão pós-parto pode perdurar por semanas ou meses. “Há casos extremos, que demandam não apenas o acompanhamento do psiquiatra e do psicólogo, mas até internação da mulher”, relata a Dra. Mariana Rosario, ginecologista e obstetra, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein.
Segundo a médica, é preciso intervir antes de a paciente chegar a esse ponto – e isso pode acontecer durante a gestação. “Apesar de o nome ser depressão pós-parto, é possível que o quadro se instale durante a gestação. Então, familiares, a rede de apoio e a própria mulher precisam ficar atentos aos sintomas e procurar ajuda assim que eles surgirem”, alerta a médica.
Fatores de risco
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto. Ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de outros problemas e transtornos mentais – além do enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez.
O MS pontuou uma série de fatores de risco que podem aumentar as chances de uma mulher desenvolver a depressão pós-parto:
– Histórico de depressão pós-parto anterior.
– Falta de apoio da família, parceiro e amigos.
– Estresse, problemas financeiros ou familiares.
– Falta de planejamento da gravidez.
– Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto.
– Depressão antes ou durante a gravidez.
– Depressão anterior.
– Transtorno bipolar.
– Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais.
– História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM).
– Violência doméstica.
Sinais e sintomas
Os sintomas da depressão pós-parto materna são caracterizados como tristeza, apatia, desalento, insônia ou excesso de sono, alterações no apetite, sentimento de culpa, dificuldade de concentração, ansiedade, entre outros quadros tipicamente depressivos. As causas fisiológicas mais comuns do quadro depressivo pós-parto são as alterações hormonais bruscas que ocorrem com a mulher ou casos apenas emocionais. Pode haver ou não a rejeição ao bebê.
O avanço da doença pode criar um quadro chamado de psicose pós-parto, condição mais susceptível em mulheres com distúrbio bipolar. Os sintomas da psicose pós-parto, que começam geralmente durante as três primeiras semanas do puerpério, incluem desconexão com os familiares e o bebê, confusão mental, mudanças de humor drásticas, alucinações e desejo de fazer mal a outras pessoas, a si mesma e ao bebê.
Quando e como tratar a depressão pós-parto
Como citado, é comum que as mulheres passem pelo Baby Blues, um sentimento melancólico no período pós-parto, que pode durar poucas semanas. Ele é diferente da depressão pós-parto e não precisa de medicação ou tratamento, porque apenas um desequilíbrio hormonal momentâneo, que o próprio organismo feminino conseguirá solucionar.
Porém, se o quadro evoluir para a depressão pós-parto, é necessário que a mulher passe por uma consulta com seu obstetra, que poderá encaminhá-la ao psiquiatra e psicólogo. A ideia é fazer um acompanhamento multidisciplinar, porque ela pode precisar de medicamentos e terapia. “A depressão pós-parto geralmente é ocasionada por problemas que a mulher carrega consigo. Medos gerados na gestação – como o do abandono, violência doméstica, de problemas financeiros, desemprego, entre outros -, dificuldades de relacionamento, quadros depressivos anteriores à gravidez, morte na família, entre outros aspectos, devem ser investigados, para que os profissionais tenham clara a origem do problema”, comenta a Dra. Mariana.
O tratamento é o mesmo de uma depressão, envolvendo terapia e medicamentos, se necessário. “O suporte familiar é imprescindível, neste momento, porque a mulher é muito julgada e dificilmente consegue dar conta desses sentimentos, sozinha. Se ela tiver uma boa rede de apoio, certamente será mais fácil enfrentar esse difícil momento”, sugere a médica.
Setembro Amarelo é o nome da campanha de prevenção ao suicídio, realizada por meio de uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina – CFM. Estima-se que sejam computados mais de 12 mil suicídios no Brasil ao ano – número superior à média mundial.
Fonte: Dra. Mariana Rosario – Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB – Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo. É membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e especialista em Longevidade pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento. É médica cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor Elcimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto.
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