Esclareça de vez o que é verdade e o que é mentira sobre a doença
A medicina está cada vez mais comprometida em aumentar a conscientização sobre a endometriose, uma condição médica que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Em um esforço para educar o público e dissipar equívocos comuns, a World Endometriosis Society e a Worlds Endometriosis Research Foundation, recentemente compartilharam alguns fatos essenciais sobre essa doença muito comum e que afeta mais de 8 milhões de mulheres somente no brasil.
Para o ginecologista e Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), Dr. Marcos Tcherniakovsky, a endometriose atinge o aparelho reprodutivo feminino causando sofrimento desde a transição da infância para a fase adulta. “A doença se caracteriza pela presença de tecido do endométrio, camada que reveste o útero e que é expelido durante a menstruação, para fora da cavidade uterina, podendo atingir o intestino, entre outros órgãos, causando fortes dores abdominais”, comentou.
A seguir, você esclarece de vez as suas principais dúvidas sobre a doença. Confira!
Quem a endometriose afeta?
A endometriose aflige cerca de 1 em cada 10 mulheres durante seus anos reprodutivos (geralmente entre 15 e 49 anos), o que representa aproximadamente 200 milhões de mulheres em todo o mundo. A endometriose pode atingir o aparelho reprodutivo feminino antes mesmo da idade adulta, causando sofrimento desde a transição da infância para a fase adulta.
Sintomas
Dores intestinais, dor ao urinar, dor pélvica e dores em geral durante uma menstruação e outra. Embora a endometriose não apresente ainda causas claras, o histórico familiar, a menarca precoce e fluxos menstruais abundantes de longa duração ou de maior frequência, são considerados fatores para o surgimento da doença.
Falta de sensibilização
É muito comum a falta de sensibilização com a dor do outro, seja por conta de pessoas próximas ou profissionais de saúde com pouco conhecimento sobre a doença. Diagnosticar a endometriose pode ser desafiador, já que é normal e cultural a ideia de que a mulher deve sentir dor, o que resulta em um atraso no diagnóstico da doença.
Não existe cura para endometriose
O que existe é o controle da doença. Algumas mulheres apresentam regressão espontânea das lesões, outras melhoram com tratamento hormonal e algumas fazem a cirurgia e não têm recidiva. Porém, há casos de recidiva mesmo após a cirurgia.
Gravidez não a cura a doença
Durante uma gravidez pode ocorrer uma diminuição dos sintomas da doença que são amenizados ou somem durante a gestação, já que existe um bloqueio hormonal nesse período. Porém, não se trata de cura. Geralmente os sintomas ressurgem algum tempo depois do parto.
Causa ainda desconhecida
Apesar do avanço de estudos sobre a doença nas últimas décadas, sua causa ainda é desconhecida, mas é altamente provável que certos genes predisponham as mulheres a desenvolver a doença. Mulheres com histórico familiar de endometriose têm risco maior de desenvolver a doença.
Endometriose e o câncer de ovário
Até o momento não existe nenhuma relação entre a endometriose e o câncer de ovário. O que há é um tipo de alteração maligna na endometriose, que ocorre quando compromete o ovário e surge um tipo de tumor maligno, mas isso não acontece por conta da endometriose.
Para Tcherniakovsky, a endometriose pode ter impacto significativo na qualidade de vida das mulheres afetadas. “A dor crônica associada a essa condição pode afetar suas atividades diárias, relacionamentos e desempenho no trabalho. É crucial reconhecer a gravidade dessa doença e oferecer apoio adequado às pessoas afetadas. Existem várias opções de tratamento, incluindo medicamentos, terapias hormonais e, em casos mais graves, a cirurgia. O tratamento ideal varia de acordo com a gravidade dos sintomas e os objetivos de saúde da paciente”, explicou o especialista.
Fonte: Dr. Marcos Tcherniakovsky – Ginecologista, Obstetra e Vídeo-endoscopia Ginecológica (Histeroscopia e Laparoscopia). Atualmente é Médico Responsável pelo Setor de Vídeo-Endoscopia Ginecológica e Endometriose da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC. É Médico Responsável na Clínica Ginelife. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO e Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose. Membro da Comissão Nacional de Especialidades em Endometriose pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) Instagram: @dr.marcostcher.