No dia da gestante (15/08), nutricionista reúne estudos internacionais para sustentar que o cafezinho, os chás com cafeína e os refrigerantes deveriam ser banidos do cardápio da mulher durante o período da gravidez
Ainda que órgãos internacionais de saúde indiquem que o consumo diário de 200 mg de cafeína (duas xícaras de café) não seja nocivo ao processo de gestação, Natalia Barros, mestre em Ciências Aplicadas pelo Departamento de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e fundadora da NB Clinic, em São Paulo (SP), defende que essas bebidas estimulantes devem ser deixadas de lado durante toda a gravidez.
“A conduta que costumo indicar é que o consumo de cafeína seja evitado na pré-concepção e durante a gestação. Limitar a ingestão de cafeína é uma medida prudente para garantir a saúde da mãe e do bebê”, avisa Natalia.
Isso porque a substância que está presente não apenas no café, mas também em chás, refrigerantes e até mesmo no chocolate, atravessa a placenta e pode afetar tanto a mãe quanto o feto, segundo a nutricionista. “A meia-vida média da cafeína, ou seja, o tempo necessário para eliminar a metade da quantidade total de cafeína, aumenta na gravidez, chegando de 9h até 11h no terceiro trimestre”, explica ela.
A razão de sua visão radical quanto ao consumo se baseia no fato de que apesar das recomendações da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) com relação aos 200 mg, existem evidências de que doses inferiores a essa já trouxeram complicações para a gestação e para o feto. “Isso porque o consumo materno de cafeína está associado ao aborto espontâneo, principalmente no primeiro trimestre; natimorto, baixo peso ao nascer ou bebês pequenos para a idade gestacional e filhos com sobrepeso ou obesidade”, elenca a especialista.
Natalia informa, ainda, que um estudo publicado na JAMA Network em 2022 verificou que o consumo materno de cafeína, mesmo em quantidades inferiores a 200 mg/dia, esteve associado a menor estatura da criança, começando aos 4 anos de idade e persistindo até os 8 anos. “Além disso, a cafeína também pode interferir na absorção de nutrientes essenciais, como o ácido fólico, que é importante para o desenvolvimento adequado do feto”, adiciona.
A nutricionista aponta ainda a questão do efeito da cafeína no sono da gestante. “Ela pode interferir no sono, tornando-o mais irregular e reduzindo a qualidade do descanso, e uma boa qualidade de sono é fundamental para a saúde da mãe e do bebê”, lembra ela, ao alertar que a privação do sono durante a gravidez pode ser associada a complicações como hipertensão gestacional e parto prematuro.
Por fim, os reconhecidos efeitos da cafeína no sistema nervoso central também são abordados por Natalia. “A cafeína bloqueia os receptores de adenosina, um neurotransmissor responsável por promover o relaxamento e a sensação de sonolência. Isso resulta em um aumento da atividade cerebral e da frequência cardíaca, além de um possível aumento da pressão arterial”, explica a especialista no assunto. Considerando ainda que os organismos respondem de maneira diferente aos alimentos, inclusive à cafeína, Natalia recomenda que a gestante opte, então, por café descafeinado ou chás permitidos durante a gestação, como o chá de casca de laranja, chá de casca de abacaxi e chá de gengibre..
Fonte: NATALIA BARROS: Nutricionista – Centro Universitário São Camilo – Mestre em Ciências Aplicadas – Departamento de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Fundou a primeira Pós-graduação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana do Brasil – Docente convidada – Pós-graduação em Nutrição Materno infantil (USP) – Aprimoramento em Nutrição Humana e Metabolismo Stanford University – Extensão em Saúde da Mulher AGE Educação em Saúde – Extensão em Comportamento Alimentar Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-HCUSP)