Disposição física da mulher é diretamente afetada pelas alterações hormonais que ocorrem durante ciclo menstrual, mas conhecer as diferentes fases desse processo pode ajudar a aumentar desempenho nos treinos.
O Dia Mundial da Atividade Física, comemorado em 06 de abril, serve para lembrar a população sobre a importância dessa prática, que é indispensável para a manutenção da saúde. Mas, é claro, nem sempre estamos dispostos a realizar exercícios por uma série de motivos. Mas as mulheres podem notar essas mudanças na disposição de maneira mais acentuada devido ao ciclo menstrual. “Ao longo de cada uma das fases que compõem o ciclo menstrual, a mulher apresenta flutuações nos níveis hormonais que podem gerar um impacto físico e mental, fazendo com que se sinta mais ou menos disposta para realizar certas atividades dependendo do período do mês, o que é especialmente verdade quando o assunto é a prática de atividades físicas”, explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. Mas a boa notícia é que é possível utilizar essas alterações hormonais para benefício próprio, adaptando o tipo de exercício realizado para aquela fase do ciclo menstrual de forma a melhorar a disposição, tornar a prática mais prazerosa e até mesmo potencializar resultados. Para isso, é importante entender o que ocorre em cada fase do ciclo menstrual, o que o especialista listou abaixo:
Período menstrual ou folicular: Essa é a fase em que o endométrio, que é o revestimento da parede uterina responsável pela implantação do embrião, é eliminado através da menstruação, assim durando do primeiro dia de sangramento até a cessação do fluxo, o que demora cerca de 6 dias. “Por essa fase ser caracterizada por baixos níveis de progesterona e estrogênio, a mulher pode apresentar sintomas como cansaço, cólicas e, consequentemente, indisposição física. Logo, recomenda-se a realização de exercícios mais leves e com carga reduzida, que, inclusive, contribuem para diminuir o desconforto abdominal”, afirma o Dr. Fernando.
Período pós-menstrual: Com o fim da menstruação, a mulher, por cerca de uma semana, tende a sentir-se mais disposta devido ao aumento na produção de estrogênio e na liberação de noradrenalina. “Esses hormônios melhoram a motivação e o desempenho durante as atividades físicas, sendo interessante então aproveitar essa fase para realizar exercícios físicos mais intensos, principalmente envolvendo treinos de força e resistência aeróbica, como a corrida e a musculação”, diz o médico.
Período fértil: É nessa fase, que dura cerca de 10 dias, que ocorre a ovulação, isto é, a liberação de óvulos pelos ovários. “É nesse período em que a mulher tem mais chances de engravidar e, por isso, a produção de progesterona aumenta e a de estrogênio é reduzida, o que pode reduzir a força e a concentração, mas a disposição e a energia se mantêm. Logo, é possível seguir com os exercícios praticados durante o período pós-menstrual, somente com redução na carga e intensidade”, explica o especialista, que ainda ressalta que a mulher também apresenta uma melhora na libido. E a boa notícia para os casais que tentaram engravidar nessa fase é que a prática de exercícios físicos contribui para as chances de sucesso. “Além de prevenir o surgimento de doenças como diabetes e hipertensão, que podem causar problemas durante a gestação, e preparar o corpo para a gravidez, a prática de exercícios físicos melhora o funcionamento do organismo como um todo, contribui para o controle de doenças que afetam a fertilidade, como a Síndrome dos Ovários Policísticos, e também ajuda a evitar e combater o sobrepeso, que interfere na produção dos hormônios sexuais femininos e, consequentemente, atrapalha o processo de ovulação, reduzindo as chances de gravidez”, diz o Dr Fernando.
TPM: A tensão pré-menstruação (TPM) refere-se ao período lúteo do ciclo menstrual, a fase após a ovulação e bem próxima de uma nova menstruação, marcando o fim do ciclo e durando cerca de uma semana. Caso o óvulo não tenha sido fecundado durante o período fértil, é nesse momento que o organismo recupera a energia para recomeçar o ciclo, reduzindo significativamente os níveis de progesterona. “Sintomas como irritabilidade, cansaço, dor de cabeça, desânimo, retenção de líquidos e prisão de ventre são comuns nessa fase, o que faz com que a mulher se sinta desmotivada para praticar as atividades físicas. Mas o recomendado é realizar exercícios mais tranquilos, como ioga ou pilates, justamente para ajudar na recuperação do organismo e melhora do bem-estar”, aconselha o médico.
Porém, é importante lembrar que o ciclo menstrual de cada mulher é único, com sintomas e durações diferentes para cada fase. Logo, o mais importante é que a mulher escute seu corpo e respeite seus limites e necessidades. Acompanhar o ciclo menstrual, seja por um calendário ou aplicativos, também é uma ótima maneira de passar por todas as fases de maneira mais tranquila, sem deixar os exercícios físicos de lado. “O ginecologista pode ser um grande auxílio nesse processo, ajudando a identificar qualquer alteração importante no ciclo e dando recomendações específicas para o seu caso. Por isso, procure realizar consultas regulares ao médico”, finaliza o Dr. Fernando Prado.