Simone Mendes, 39, revelou que retirou o útero após o nascimento de Zaya, 2, devido a um diagnóstico de adenomiose.
“Adenomiose é uma doença benigna do útero na qual células do endométrio (tecido que reveste o útero por dentro e que descama na menstruação), se implantam na parte muscular do útero. Da mesma forma que na endometriose, as células do endométrio se implantam fora do útero, aqui elas se implantam no músculo uterino. Na gravidez, há distensão das fibras musculares do útero podendo predispor ao quadro nestas mulheres. A doença pode ainda não apresentar sintomas em um terço das pacientes, ou estar associada à presença de mioma uterino ou à endometriose, podendo estas se manifestarem conjuntamente.
Durante a gestação, mulheres com adenomiose tem aumento de risco de aborto, placenta de inserção baixa, trabalho de parto prematuro e rotura prematura de membranas e pré-eclâmpsia. Uma em cada 8 mulheres pode ter dor na gestação. Pode também ser causa de infertilidade, dificultando a implantação do embrião no útero. Os sintomas são similares aos da mulher com endometriose e mioma uterino. Há associação frequente destas doenças com adenomiose. Mulheres com adenomiose podem apresentar sintomas de cólica menstrual, fluxo menstrual aumentado, sangramento uterino anormal, dor pélvica crônica, dor na relação sexual, e alteração do hábito intestinal na menstruação devido à cólica. Mas se o sintoma for apenas cólica menstrual, poderá ser confundido com a simples cólica menstrual frequente na mulher e que não é causa de doença.
O tratamento definitivo é a retirada do útero. Mas quando ainda há desejo de gestação, outros tratamentos tem sido pesquisados no intuito de preservação da fertilidade. Outros tratamentos cirúrgicos como adenomiometrectomia que é a ressecção deste tecido muscular espessado, é cirurgia tecnicamente difícil e de resultados que variam bastante. Novas tecnologias minimamente invasivas têm sido estudadas e aplicadas recentemente como ultrassom microfocado de alta intensidade e a radiofrequencia guiada por ultrassom com resultados promissores. Hormônios que bloqueiam o eixo hormonal hipotálamo-hipófise-ovário, têm sido usados de forma temporária em tratamentos de infertilidade com sucesso para promover gestação. O uso de contraceptivos hormonais orais ou de longa duração, como os implantes e sistemas intrauterinos, podem contribuir para ausência de menstruação e controle dos sintomas” –
Fonte: – Dra. Marise Samama, ginecologista e médica presidente da AMCR – (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil), uma entidade sem fins lucrativos.